domingo, fevereiro 19, 2006

A Sucessão


O tema da sucessão social-democrata na Madeira, volta novamente em força esta semana com a notícia de que Cunha e Silva, vice-presidente do Governo Regional, exclui a hipótese de se candidatar à presidência, na altura em que Alberto João Jardim abandonar funções.

Para quem está atento à política regional, esta notícia constitui uma surpresa. Dado que a discussão sobre a sucessão de AJJ desde há vários anos oscilava entre dois nomes, um dos quais Cunha e Silva, o timing do anúncio desta decisão torna-se deveras interessante.

Sabendo que os nomes mais sonantes para a liderança do PSD-Madeira vão desde Jaime Ramos, Cunha e Silva e Miguel Albuquerque, parece haver uma tendência bastante forte da escolha recair no último, actual presidente da câmara do Funchal. Como bem refere o Emanuel Bento, com alteração do sistema eleitoral para um círculo uninomial, o vector Funchal-Santa Cruz-Machico (e também Câmara de Lobos) constitui a base fulcral para a vitória nas eleições legislativas nos novos moldes. Logo à partida, Miguel Albuquerque leva vantagem neste ponto. Sendo uma figura extremamente popular no Funchal (mais até que AJJ, diria eu), e com uma imagem eminentemente urbana e empreendedora nos outros concelhos, Albuquerque afigura-se com um futuro promissor a nível eleitoral, nestes concelhos.

Porém, antes da luta eleitoral, Albuquerque necessita de vencer internamente um partido que se espera estar bastante sectorizado após a saída do actual líder. É óbvio, que aqui entra o aspecto de como AJJ sairá, e a forma como deixará o partido. Mas não sendo o eleito de AJJ, Albuquerque terá que jogar o seu peso eleitoral como plataforma de base interna. É por esta razão que está a fazer uma boa gestão de campanha. Não é necessário envolver-se em lutas internas, de marcação de posição. Os seus trunfos estão fora desse âmbito, e seria um erro envolver-se nessas lutas.

Mas voltamos ao tema inicial de João Cunha e Silva. Tendo sido o preferido da comunicação social durante algum tempo, afasta-se da corrida. Eu encaro com muito precaução as palavras deste, pois um anúncio numa altura em que o futuro de AJJ ainda é muito incerto, é deveras curiosa. O Emanuel coloca as seguintes questões: "Porquê só agora João Cunha e Silva decide dizer que não vai ser candidato a Alberto João Jardim quando este deixar o Governo Regional?! Foi preciso tanto tempo para amadurecer esta decisão ou simplesmente o "vice" acha mesmo que Alberto João Jardim também não vai sair em 2008 e farto de esperar resolve marcar uma posição que quer se queira ou não, abre outra vez a discussão sobre a sucessão e a necessidade do PSD-M preparar o seu futuro?!" São questões muito pertinentes, e seria muito arriscado tentar dar alguma resposta a estas. Mas uma outra questão afigura-se. Caso Cunha e Silva decida mesmo afastar-se de uma candidatura, Miguel Albuquerque não deverá ter caminho livre no PSD/M. A questão é qual será o nome proposto? Embora Jaime Ramos deseje ardentemente o cargo, a sua relação com o vector eleitoral acima referido é deveras má. Por isso sobram poucos. Logo que tenha oportunidade, falo sobre alguns...

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