Pela segunda vez, utilizo este espaço para mais uma crónica de análise política, não tão longa quanto a outra (ou talvez não....), que aborda alguns temas que infelizmente não pude tratar na anterior crónica e algumas "novidades". Uma nota prévia sobre os membros do governo. Já se passaram alguns dias desde a tomada de posse, e a apresentação do programa de governo foi há poucos dias. Os ministros empossados ainda não tiveram tempo de assumir as suas funções na plenitude, daí que não farei quaisquer comentários sobre estes. Apenas gostaria de realçar a ausência de António Vitorino no governo. Segundo a comunicação social, esse poderoso meio, a ausência desta personalidade deveu-se sem dúvida à preparação para as presidenciais. Um trunfo como Vitorino, é algo que o PS necessita para fazer frente a um Cavaco Silva que inevitavelmente se irá candidatar. Contudo, na minha opinião, penso que esta não foi a maior razão (embora possa ter a sua “parte”…), mas sim a seguinte: José Sócrates, simplesmente não quis António Vitorino no governo, recusou-o. Será que estaria a pensar no PS, e nas presidenciais, esse desafio tão nobre... Desculpem-me os simpatizantes de Sócrates, mas penso que não. A decisão do primeiro-ministro revela uma fria e arguta decisão de querer ficar com os louros (caso eles existam é claro... e esperemos que sim) das decisões e medidas tomadas pelo executivo. A verdade seja dita, com António Vitorino no governo, todas as boas medidas executadas iriam ser atribuídas a este e não a Sócrates. Chegando um pouco mais ao cerne do problema, diria eu que Sócrates afastou Vitorino pela fama da sua competência. Talvez seja uma frase um pouco forte, mas no fundo é mesmo disso que se trata, para quê estar com rodeios. E atenção, esta opinião não está a ser difundida pela primeira vez neste texto. Foram poucos os analistas que se aperceberam deste facto, mas mesmo esses difundiram esta opinião...
Ainda sobre este governo, uma breve nota sobre a tomada de posse. No meu ponto de vista os pontos positivos superaram os negativos, começando logo pelas “formalidades” da cerimónia. Uma cerimónia breve, com poucas pessoas, restringindo-se às fundamentais: o novo executivo, o anterior governo, o “stuff” do palácio de Belém, e é claro o Presidente da República. Os jornalistas foram “amordaçados”, já que não conseguiam deitar a mão (atrelada ao microfone, leia-se), a nenhum político, tanto novo como antigo. Quanto a este último, nem o sei classificar, nem faço por isso. Quanto ao conteúdo do discurso de tomada de posse do agora primeiro-ministro, uma nota positiva pela brevidade do discurso e uma nota negativa por alguns conteúdos. Sócrates, quase ao som dos tambores da campanha eleitoral prossegue com o seu típico discurso, desta vez usando como bandeiras duas medidas, que de populares têm muito e de essenciais têm relativamente pouco. Abordarei apenas uma delas, a venda de medicamentos que não necessitam de prescrição médica, em hipermercados. Sejamos pragmáticos, esta medida embora de relativa importância, não urge como uma medida crucial ao desenvolvimento do país. A escolha desta medida e não de outra, prende-se simplesmente com o facto de ser uma medida simples, popular e que toda a população compreende. Sócrates, mostra-se deste modo como um governante a servir o povo, e a cair na graça deste. Confesso, que nunca pensei que José Sócrates, tivesse tanta aptidão para cativar as pessoas e tanta astúcia para manobrar a comunicação social, como está a fazer. Neste ponto, até há uns tempos diria que Santana Lopes é que precisava de ensinar alguns truques a José Sócrates. Pelos vistos enganei-me, embora desconfie que Pedro Silva Pereira tenha uma boa parte nesta estratégia mediática. Explicações serão apresentadas noutras crónicas… Quanto à avaliação da medida, qualificaria a medida de útil, mas potencialmente perigosa. A comercialização deste tipo de medicamentos é feita em quase todo o mundo, e é óbvio que os problemas que advêm desta venda são incrivelmente poucos. A minha grande preocupação é a selecção dos medicamentos a vender, e as entidades responsáveis por supervisionar a venda destes. O problema é que estão questão quase não se colocou. Apenas se abordou o problema das farmácias que irão perder um lote importante do seu financiamento. Penso que estamos a fazer a abordagem pelo ângulo errado, e é necessário repensar esta questão o mais rapidamente possível. Todavia, esperemos pelo debate na assembleia, quando esta medida for apresentada.
O último ponto que realço do discurso de José Sócrates, é a referência aos Estados Unidos da América e o reforço da sua posição, em relação à aliança Luso-Americana. Sócrates quis deixar bem claro, que quais fossem as declarações do seu ministro de estado e dos negócios estrangeiros no passado, as medidas no âmbito da política externa relacionada com os EUA iriam manter-se inalteradas. Acho que José Sócrates fez bem em demarcar-se, e a desfazer quaisquer dúvidas que pudessem existir. Penso que por agora, os grandes críticos de Freitas do Amaral poderão respirar um pouco mais.
Para terminar, gostaria apenas de realçar a apresentação do programa de governo. Embora ainda não tenha lido o programa na sua totalidade, a maioria dos analistas apontam o programa como um documento praticamente idêntico ao programa eleitoral do partido socialista. Este facto faz-me considerar um factor positivo e outro negativo. O primeiro é sem dúvida a transposição do programa eleitoral do PS para o programa de governo. Esta medida transparece rigor e cumprimento do dever assumido ao longo da campanha. Qual o factor negativo? O próprio programa. Tal como tinha referido na anterior crónica, embora as ideias levantadas pelo programa eleitoral do PS fossem muito boas, medidas que vão ao encontro de um país desenvolvido, numa economia cada vez mais competitiva, as ideias presentes são muito vagas. E este é o problema que Sócrates não conseguiu inverter desde o primeiro dia de campanha. Assisti à campanha do PS, com um ligeiro bocejar, já quase adivinhando o discurso de Sócrates e as palavras que iria usar, e tenho que afirmar que este modo de acção ainda não se alterou. Será este o grande desafio de Sócrates, o de esclarecer as medidas concretas e reais que terá de tomar para atingir os objectivos (nobres….) a que se propõe no programa. – Não existem milagres em política socioeconómica engenheiro José Sócrates, e o seu reinado popular terá que acabar, pois as medidas de rigor e de esforço têm que chegar, e quanto mais cedo melhor. Este é o meu apelo ao novo governo.
Ainda sobre este governo, uma breve nota sobre a tomada de posse. No meu ponto de vista os pontos positivos superaram os negativos, começando logo pelas “formalidades” da cerimónia. Uma cerimónia breve, com poucas pessoas, restringindo-se às fundamentais: o novo executivo, o anterior governo, o “stuff” do palácio de Belém, e é claro o Presidente da República. Os jornalistas foram “amordaçados”, já que não conseguiam deitar a mão (atrelada ao microfone, leia-se), a nenhum político, tanto novo como antigo. Quanto a este último, nem o sei classificar, nem faço por isso. Quanto ao conteúdo do discurso de tomada de posse do agora primeiro-ministro, uma nota positiva pela brevidade do discurso e uma nota negativa por alguns conteúdos. Sócrates, quase ao som dos tambores da campanha eleitoral prossegue com o seu típico discurso, desta vez usando como bandeiras duas medidas, que de populares têm muito e de essenciais têm relativamente pouco. Abordarei apenas uma delas, a venda de medicamentos que não necessitam de prescrição médica, em hipermercados. Sejamos pragmáticos, esta medida embora de relativa importância, não urge como uma medida crucial ao desenvolvimento do país. A escolha desta medida e não de outra, prende-se simplesmente com o facto de ser uma medida simples, popular e que toda a população compreende. Sócrates, mostra-se deste modo como um governante a servir o povo, e a cair na graça deste. Confesso, que nunca pensei que José Sócrates, tivesse tanta aptidão para cativar as pessoas e tanta astúcia para manobrar a comunicação social, como está a fazer. Neste ponto, até há uns tempos diria que Santana Lopes é que precisava de ensinar alguns truques a José Sócrates. Pelos vistos enganei-me, embora desconfie que Pedro Silva Pereira tenha uma boa parte nesta estratégia mediática. Explicações serão apresentadas noutras crónicas… Quanto à avaliação da medida, qualificaria a medida de útil, mas potencialmente perigosa. A comercialização deste tipo de medicamentos é feita em quase todo o mundo, e é óbvio que os problemas que advêm desta venda são incrivelmente poucos. A minha grande preocupação é a selecção dos medicamentos a vender, e as entidades responsáveis por supervisionar a venda destes. O problema é que estão questão quase não se colocou. Apenas se abordou o problema das farmácias que irão perder um lote importante do seu financiamento. Penso que estamos a fazer a abordagem pelo ângulo errado, e é necessário repensar esta questão o mais rapidamente possível. Todavia, esperemos pelo debate na assembleia, quando esta medida for apresentada.
O último ponto que realço do discurso de José Sócrates, é a referência aos Estados Unidos da América e o reforço da sua posição, em relação à aliança Luso-Americana. Sócrates quis deixar bem claro, que quais fossem as declarações do seu ministro de estado e dos negócios estrangeiros no passado, as medidas no âmbito da política externa relacionada com os EUA iriam manter-se inalteradas. Acho que José Sócrates fez bem em demarcar-se, e a desfazer quaisquer dúvidas que pudessem existir. Penso que por agora, os grandes críticos de Freitas do Amaral poderão respirar um pouco mais.
Para terminar, gostaria apenas de realçar a apresentação do programa de governo. Embora ainda não tenha lido o programa na sua totalidade, a maioria dos analistas apontam o programa como um documento praticamente idêntico ao programa eleitoral do partido socialista. Este facto faz-me considerar um factor positivo e outro negativo. O primeiro é sem dúvida a transposição do programa eleitoral do PS para o programa de governo. Esta medida transparece rigor e cumprimento do dever assumido ao longo da campanha. Qual o factor negativo? O próprio programa. Tal como tinha referido na anterior crónica, embora as ideias levantadas pelo programa eleitoral do PS fossem muito boas, medidas que vão ao encontro de um país desenvolvido, numa economia cada vez mais competitiva, as ideias presentes são muito vagas. E este é o problema que Sócrates não conseguiu inverter desde o primeiro dia de campanha. Assisti à campanha do PS, com um ligeiro bocejar, já quase adivinhando o discurso de Sócrates e as palavras que iria usar, e tenho que afirmar que este modo de acção ainda não se alterou. Será este o grande desafio de Sócrates, o de esclarecer as medidas concretas e reais que terá de tomar para atingir os objectivos (nobres….) a que se propõe no programa. – Não existem milagres em política socioeconómica engenheiro José Sócrates, e o seu reinado popular terá que acabar, pois as medidas de rigor e de esforço têm que chegar, e quanto mais cedo melhor. Este é o meu apelo ao novo governo.
Fiquem bem