quinta-feira, junho 30, 2005

José Sócrates, "Perfect timing"...


José Sócrates é um político enquadrado num sistema que lhe é completamente adverso, e paradoxalmente é esse sistema que lhe dá um enorme espaço de manobra. Como governante de centro, encontra nas flutuações direita/esquerda uma excelente manobra de defesa e de "propaganda".

Nesta semana, onde a AR está inundada de números referentes ao orçamento rectificativo, José Sócrates "saca da cartola" o tema do referendo à interrupção voluntária da gravidez. Eu na minha humilde inocência, de pacato analista de assuntos sociopolíticos, questionei-me de imediato na relação entre os dois temas e não encontrei significativas relações. Mas que melhor sítio para encontrar relações, que os meios de comunicação social?
Meti mãos à obra, (leia-se dedos ao teclado), e eis que me surge um título: "Brinde à esquerda! José Sócrates oferece brinde à esquerda parlamentar..."

Se a convocação de um referendo sobre o aborto é uma vitória para a esquerda é outra questão, mas é necessário ter consciência que a direita sempre se opôs à convocação de um referendo sobre este tema, o que implica necessariamente um avanço da esquerda.

Um presente à esquerda dizem os jornais, "tentativa de fuga" (à direita?) digo eu. Acusem-me de possuir sempre uma teoria da conspiração, mas que é um facto estranho que em plena discussão do PEC, Orçamento Rectificativo e perspectivas económicas o primeiro-ministro tenha decidido saltar com o tema para a ribalta, acho que ninguém o pode negar.
Ainda para mais, na semana em que se "notou" que a despesa pública atinge metade da riqueza nacional... É caso para dizer, Eng José Sócrates, perfect timing...

segunda-feira, junho 27, 2005

A nova geração do Bloco de Esquerda...

Cliquem aqui para saber como os jovens apoiantes do bloco, preparam a sociedade para os novos desafios da política...

Fiquem bem

quinta-feira, junho 23, 2005

Uma vítima da crise...



E José Sócrates já está a mexer na região do país com o maior crescimento económico - a Madeira, e desta vez nem o Dr. Alberto João Jardim consegue impedi-lo, sob pena de violar a Lei. O próprio admitiu no dia de ontem que terá que aumentar os impostas na RAM, devido a ... José Sócrates.
Aparentemente temos um paradoxo, apenas aparentemente... O que se passa é que o estatuto político-administrativo da Madeira, permite ao Governo Regional ter uma margem de 30% em relação às políticas de Lisboa, não podendo ultrapassar esse valor.
- "Como eu já estou nos 30% mais baixo e não posso ir, por Lei, mais do que isso, eles sobem lá, eu também tenho de subir para manter". E depois acrescenta que "se não mantenho essa diferença sou preso."

Já que o estatuto político-administrativo da Madeira está a ser revisto, acho que o aumento do valor 30% era completamente justificável, já que o aumento dos impostos na RAM, têm custos muito mais elevados do que no continente, dadas as características da insularidade... E o PS-Madeira não teria razão caso apontasse esta como uma medida demagógica e injusta, porque não é.

terça-feira, junho 21, 2005

"Muito tempo..."



As eleições autárquicas aproximam-se, e a comissão liderada por Jorge Coelho inicia a sua campanha. Não com ideias para as câmaras, não com percursos de candidatos a autarcas, mas com explicações sobre medidas do governo. Não estou a criticar o método, apenas marco este facto que julgo ser interessante.

Foi com surpresa que li declarações de Maria de Belém, sobre a possível perda de votos pelo PS, devido às medidas "impopulares" tomadas pelo executivo de José Sócrates: "... independentemente das consequências que possam resultar para o PS nas eleições autárquicas, o Governo está a tomar um conjunto de medidas que há muito tempo deviam ter sido tomadas". Tenho pena que Maria de Belém não tenha aprofundado a sua frase, já que "muito tempo" é uma expressão arriscada de se proferir nestas circunstâncias...

segunda-feira, junho 20, 2005

Cimeira europeia II...



"Uma pausa para reflectir". Foi assim que Durão Barroso classificou o adiamento dos referendos europeus. Eu chamaria: "Tempo fruto da cobardia de líderes europeus, que não acreditam nesta Europa". Tal como tinha afirmado em anteriores posts, sou a favor da continuação da ratificação do tratado nos restantes países, e acho um erro a paragem (o termo pausa é apenas um eufemismo, é preciso dizê-lo...). Em politíca não existem pausas, e apenas Shroeder (embora com um pé fora do seu gabinete) foi um dos poucos a se aperceber disso...

Nota positiva para José Sócrates, que propôs na cimeira a realização de todos os referendos na mesma data. Acho uma excelente ideia, que sem dúvida era um trunfo a favor do sim, visto representar simbolicamente a unidade e coesão europeia. Infelizmente, embora com os apoios da Polónia, Áustria e Espanha, a proposta não foi aprovada.

Para finalizar gostaria de dar os meus sinceros parabéns aos 10 novos países da UE. Foram estes, aqueles que mais acreditaram nesta cimeira, propondo uma redução dos seus fundos esperando desta forma, um entendimento dos restantes países (santa ingenuidade...).

Fiquem bem

domingo, junho 19, 2005

Cimeira europeia...



Dois temas, dois fracassos. Duas propostas cruciais para Portugal e para a Europa, dois erros gritantes que sobrepuseram-se ao maior dos príncipios fundadores da UE - a solidariedade entre países.
A Europa percorre um árduo caminho, e eu europeísta convicto e assumido, ainda acredito nesta UE. Recuso-me entregar ao federalismo norte-americano e à nova máquina do séc XXI - a China. O Mundo necessita mais do que nunca, de uma Europa forte e coesa, para poder ter o papel que sempre teve na História mundial - de mediadora de conflitos e promotora da paz.

Os protagonistas que entraram neste episódio estavam politicamente fracos, o caso de Chirac e de Balkenende, mas isso não os fez mais cooperantes. Pelo contrário, duro e inflexível, Balkenende anunciou vetar tudo o que fosse propostas com orçamento superior a 1% do RNB. Chirac com a cabeça a prémio em França, bateu o pé quanto à PAC e Straw não cedeu um milímetro quanto ao tão polémico "cheque britânico". No meio de tudo isto, onde Portugal heroicamente consegue o valor 15%, Blair propõe um aumento de fundos para a Estratégia de Lisboa, sob os "olhares perplexos" dos restantes países... O "timing" nesta cimeira esteve ao rubro...

A próxima proposta de divisão de fundos, será construída pelo presidência do Reino Unido, ou seja, más notícias para Portugal... Se com a proposta Luxemburguesa foi difícil um valor como 15% de redução dos fundos de coesão, com uma proposta britânica, mais difícil será...

Fiquem bem


quarta-feira, junho 08, 2005

É Sim!



Penso que é possível afirmar, que a campanha pelo sim à constituição europeia teve início. Não por António Vitorino (embora fosse essa a sua função…), mas por Marcelo Rebelo de Sousa. Embora não tenha publicamente afirmado a minha posição sobre este esta questão (embora ache que lendo os posts anteriores se torne evidente…) anuncio que sou a favor do SIM à aprovação do Tratado da Constituição Europeia. Nos próximos dias, justificarei a minha posição, tentando igualmente elucidar as vantagens e desvantagens de uma Constituição para os 25 países membros. Para já, convido-vos a ver o site:

http://www.esim.eu.com/

Um facto curioso é que tanto o “Sítio do Não” (blog de campanha pelo não à constituição – www.sitiodonao.weblog.com.pt ) como este “É Sim” foram criados por dois barões do Partido Social Democrata, Pacheco Pereira e Marcelo Rebelo de Sousa… Será que existe algum significado especial?

Fiquem bem

sexta-feira, junho 03, 2005

Que futuro para a UE? (I)



  • A ratificação do Tratado de Constituição Europeia deve continuar, apesar dos chumbos na França e na Holanda?


Sim. Embora os restantes referendos a realizar, sejam arriscados, na medida em que o não tem alguma vantagem em países como a Dinamarca e a Irlanda, creio que a suspensão, embora fosse uma medida certamente mais relaxante, talvez causasse uma espécie de "mal-estar" entre os países membros. Na minha opinião, a UE dividir-se-ia em dois blocos. Aqueles que poderiam dar a sua opinião, já que tinham efectuado o referendo e possuiam a legitimidade para tal, e aqueles que não efectuaram referendo e estariam num leque de incertezas, quanto às opiniões das suas populações. Em suma, considero que um "separar das águas", beneficiaria à reflexão do futuro da Europa e do Tratado da Constituição Europeia.

  • O que podemos esperar dos próximos referendos?


Uma enorme responsabilidade. No dia de ontem, assistimos ao início da pressão existente sobre vários países e os seus dirigentes. Jean-Claude Juncker (na foto) anunciou publicamente a sua demissão, caso o referendo seja chumbado no Luxemburgo.

A preocupação com os próximos referendos, não se deve sobrepôr à coerência e serenidade que caracterizaram a construção deste tratado, de modo a que a UE atinja o próximo patamar da sua história.

quinta-feira, junho 02, 2005

As primeiras baixas...


Dois referendos, dois chumbos. França e Holanda votaram nesta semana o Tratado da Constituição Europeia, iniciando um ciclo tenebroso e incerto para o futuro da União Europeia. Será mesmo? A UE é uma instituição que conta com várias décadas de história e muitos desafios superados. Acho pouco credível que se desmorone, um tratado de 25 "apenas" por dois referendos.
Todavia, é necessário entender que estes chumbos colocam obstáculos ao avanço de um projecto Europeu, para além de terem causado vários problemas internos. Falo por exemplo da demissão de Jean Pierre Rafarin e da sua substituição por Dominique de Villepin (o diplomata que se tornou célebre pelo seu discurso na ONU, contra a invasão do Iraque). Balkenende, PM da Holanda não se irá demitir, mas terá que dar explicações aos seus parceiros europeus, sobre o desaire eleitoral do seu país.

Porquê a desvalorização destes chumbos, na minha opinião? Primeiro de tudo, é necessário analisar estas eleições no contexto político-social dos dois países. Em França, onde o descontentamento social é bastante elevado, devido à grande taxa de desemprego e na Holanda um país extremamente liberal, onde apenas se falava de convergência com os restantes parceiros europeus, em termos de valores, direitos, etc. Não quero dizer, que a vitória do Não, se deva unicamente a estas circunstãncias, mas acredito profundamente que estes factores tiveram uma enorme influência na decisão dos Franceses e Holandeses...
Fiquem bem