quinta-feira, setembro 28, 2006

O Cartaz

quarta-feira, setembro 27, 2006

O Debate da Segurança Social (II)

Não sei o que é pior. A teimosia do PM José Sócrates em avançar com uma reforma que apenas adia o problema da sustentabilidade da segurança social, ou a completa ignorância e erros que debita sobre a proposta de um modelo misto, apresentado pelo PSD.

O Debate da Segurança Social

Para José Sócrates, o grande argumento para o modelo defendido pelo governo para a Segurança Social é a solidariedade inter-geracional. Assim está tudo esclarecido. Todos ficam muito mais descansados depositando fé nas próximas gerações, mesmo que as actuais previsões sejam muito pessimistas...

Felizmente ainda existe quem não pense como Chirac...



A propósito da substituição, por parte da Deutsche Oper de Berlim, da ópera "Idomeneo" de Mozart por receios que suscitassem protestos de islamitas, a Chanceler Alemã Angela Merkel refere:

Felizmente, nos governos da UE ainda existem pessoas com o mínimo de racionalidade que ainda procuram preservar um dos mais importantes pilares da sociedade ocidental, e em particular da europeia - a liberdade de expressão.

terça-feira, setembro 26, 2006

Portugal-Espanha

No dia em que Cavaco Silva realiza a sua primeira visita de estado enquanto PR a Espanha (e os espanhóis bem mais interessados no(a) novo(a) infante), José Maria Aznar vem ao Prós e Contras depois de um longo jejum nos debates e na opinião.

A primeira parte do debate assemelhou-se bastante a uma grande entrevista a Aznar. Contudo, entre ele e meia-dúzia de políticos que ocasionalmente repetem o mesmo discurso na tv, fiquei muito contente com o amplo tempo de antena dado ao ex-PM espanhol. As suas palavras certamente estão a ser ouvidas com maior atenção em Espanha do que em Portugal, dados os temas que está a abordar, mas nem por isso deveria ser mais ignorado no nosso país. Não nos podemos esquecer que o grande crescimento económico que beneficiou a Espanha nos últimos anos, foi em grande parte obra do governo liderado por Aznar. A sua coragem política e determinação em diversos temas sensíveis, nos quais a ETA foi (e continua a ser) dos mais mediáticos, demonstram na minha opinião a forma correcta de lidar com terrorismo, ao contrário do que está a ser feito por Zapatero com os resultados que se começam a ver.

Eu por mim, convidava Dias Loureiro e Ernani Lopes a assitir ao programa na plateia e ficava a ouvir Aznar a discutir temáticas relacionadas com governação e política externa. Essa sim, seria uma excelente forma de aproveitar as relações Portugal-Espanha. Compreender o que foi mal feito e o que simplesmente não foi feito. Aceitar a realidade da dimensão económica espanhola não como obstáculo, mas como oportunidade, tentando não cair nos desvarios e erros que os nossos vizinhos ibéricos cometeram. Sim, porque também existem...

domingo, setembro 24, 2006

Aborto: Notas Soltas

Independentemente das posições de cada um sobre o tema, acho imprescindível a leitura deste post do Henrique Raposo:

7. Os defensores dogmáticos do “sim” vivem num ilusão: se o aborto for legal, se existirem condições médicas próprias, então, a questão do aborto clandestino será resolvido. Engano. Trágico engano. O engano típico dos progressistas que tendem a confundir “técnica” e "lei" com “moral”. Acham que uma técnica superior e uma legislação superior moldam a moral retrógrada. Ora, o aborto não é uma questão legal ou técnica. É moral. A moral é de uma ordem acima da lei e da técnica. As miúdas continuarão a fazer o aborto clandestino (ou continuarão a ir fazer o aborto para terras além fronteira) porque “o abortar” é um acto que implica a vergonha. Não é como tirar um dente. Não querem fazer aquilo no hospital da sua terra. Mesmo com aborto legal e tecnicamente assistido, as miúdas (por pressão dos pulhas que têm como pais e como namorados) continuarão a fazer o aborto clandestino. Quem acha o contrário, nunca conheceu ninguém nessa situação. Quem acha o contrário, está ver esta questão no abstracto. Fiquem sabendo que, aqui, não há o abstracto; apenas a vergonha. Não quer isto dizer que estou contra “a interrupção voluntária da gravidez”. (Mas repare-se como se despe a situação da sua carga moral com uma expressão asséptica. É o triunfo da possibilidade da técnica sobre a legitimidade da moral).

8. O “não”, composto por uma brigada de moralistas, quer uma punição pública. Como bons moralistas, acham que o “outro” não tem consciência moral; acham que a mulher não se vai sentir culpada. Não acreditam numa mulher com culpa moral; querem mulheres condenadas pela lei. Uma brigada cheia de telhados de vidro.
O “sim” acha que a lei e a técnica transformarão o problema. Não entendem que a consciência não é filha da lei; não sabem que a moral não é enteada da técnica. Não entendem que há dramas que não têm solução.

9. Um aborto é um acto imoral. Salienta-se: imoral. Não quer dizer que tenha de ser considerado ilegal. É imoral para mim. Mas a minha imoralidade só a mim me diz respeito.

10. Uma mulher (e o pulha que a pressiona) que aborta deve sentir apenas uma coisa: o peso da sua consciência. O peso do estado – da lei - não é para aqui chamado.

sábado, setembro 23, 2006

Formas de protesto...


Ao ler uma notícia sobre a campanha presidencial francesa, disputada entre Nicolas Sarkozy e Segoléne Royal, deparo-me com este parágrafo:

É um facto no mínimo insólito e demonstra um lado da Câmara dos Representantes que não é nada comum...

Impasse

(Texto publicado na Revista Dia D, no dia 22 de Setembro de 2006)



Num mundo tão globalizado como aquele em que vivemos e onde as relações internacionais se “jogam” com múltiplos intervenientes, é interessante verificar o papel da União Europeia. Parece consensual que a UE deve ter um papel importante no cada vez mais exigente clima político internacional. Muitos vêem a UE como um marco de valores e de ética, em contraposição ao “imperialismo” americano. Consideram vital a existência de uma união firme, coesa, capaz de demonstrar os seus ideais através de um poder político forte no palco internacional. Se, há alguns anos, muitos consideravam este um rumo possível e plausível, hoje cada vez mais se apercebe que a realidade não parece favorecer a UE.

Se no passado a hegemonia americana tornava importante a existência de um contrapeso europeu, actualmente isso não se verifica dada a emergência de novas potências como a Rússia ou a China. Mesmo assim, os líderes europeus desejam ver a Europa com um papel interventivo nas grandes questões internacionais. Porém, é cada vez mais visível a dificuldade de se manifestar essa resposta. Primeiro, porque a opinião europeia está praticamente indexada às decisões (por vezes diferentes) dos 4 grandes (Reino Unido, Alemanha, França e Itália). Segundo, porque enfrenta uma crise interna, de índole quase logística, que se agravou na última década.

A ideia original de Europa idealizada por Jean Monnet, iniciada por um mercado comum, alterou-se radicalmente. As conquistas e ideias iniciais, responsáveis pelo desenvolvimento europeu, começam a perder peso, na tentativa de construir algo megalómano, sem a preocupação de se reflectir sobre o espaço que se está a construir e a sua integração nos princípios fundadores.

Porém, a tentativa de organizar a UE esbarra num aparente paradoxo. É consensual que a Europa deve ter uma opinião coesa, una em diversas matérias. Dessa forma, faz todo o sentido que seja a Comissão Europeia, enquanto organismo aprovado pelo Parlamento Europeu, a representar a UE em diversas áreas. Todavia, para isso seria necessário o reforço do poder em Bruxelas. Esta alteração não agrada aos países membros, dado que coloca em causa numerosas matérias que são (e devem ser) exclusivas dos governos nacionais e respectivos parlamentos. Se adicionarmos o facto de existirem 25 países-membros e uma crise de funcionamento institucional, percebe-se o impasse político em que se encontra actualmente a UE. Para não complicar ainda mais a questão, prefiro nem referir a crise do modelo social europeu, o problema do desemprego e do mercado laboral, entre outros.

Não creio que exista uma solução imediata, muito menos simples e completamente eficaz para esta situação. A primeira necessidade é que a Europa, e principalmente os seus líderes, apercebam-se do impasse a que se chegou. E não tenhamos dúvidas: uma grande quota de responsabilidade é dos políticos europeus e as suas opções e ideias quase místicas para a UE. É assim necessário não só uma renovação de ideias, de visões, bem como de lideranças na Europa.

A actual situação não pode permanecer por muito mais tempo. É altura de decidir o rumo que a UE tem de assumir: Ou voltamos aos velhos princípios fundadores, ou decidimos avançar com uma integração de forma responsável. Continuar a adiar o problema é que não.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Para quem não se apercebeu...


... hoje deveria ser o Dia Europeu sem Carros...

Qual a diferença entre a consciência de um socialista e a consciência de um liberal?


Joesér Alvarez, "Prisionero de Consciencia"


A propósito deste meu post, onde critico as afirmações do Ministro da Saúde sobre a "relutância" de alguns médicos a efectuarem abortos, o Ricardo responde-me com um texto que me causou alguma surpresa, dado já o conhecer a algum tempo e nunca esperar uma resposta daquele género.

A primeira frase dá o mote: "Pareces um socialista a criticar um liberal e, concerteza, não era essa a tua intenção". Logo de seguida justifica: "Depois de variados textos a defender na saúde uma maior atenção às estatísticas, ou seja, à potencialidade de um sistema privado, com características liberais, fico deparado com este texto em que, frontalmente, o foco é dado não à eficiência ou ao direito de escolha mas à problemática moral dum médico perante um acto médico."

Ricardo, essa visão distorcida da minha argumentação nem parece tua, muito menos essa imputação moral ao socialismo e liberalismo. Para muitas pessoas de esquerda, parece algo evidente que se uma pessoa se preocupa com a eficácia de um sistema, se preocupa com os estudos e estatísticas dos resultados de um certo modelo, esse tecnocrata (palavra que gostas bastante) apenas vê as pessoas como peões no seu enorme tabuleiro de xadrez sociopolítico. Dizer que uma pessoa por ser socialista tem um maior grau de consciência moral pelo próximo do que uma pessoa de direita/liberal, pelo simples motivo que enquanto um socisalista acredita no apoio através de uma redistribuição directa de orçamento e um liberal através da criação de condições para o investimento (de maneira indirecta), revela um pensamento no mínimo perigoso e injusto. É possível que possas ter construido essa impressão de outras pessoas, mas posso afirmar categoricamente que não me revejo nessa segregação.

Se é verdade que defendo um sistema de saúde mais eficaz, no qual as estatísticas são importantes como meio de diagnóstico dos problemas do modelo, bem como para acompanhar as eventuais mudanças, nem por um momento excluo a parte fundamental do sistema - o utente. Que várias pessoas me imaginam como um perigoso neoliberal de sangue frio que só se preocupa com os modelos que discute, não é novidade, mas muito sinceramente não me revejo muito nesse papel anti-social. Lamento.

O destaque que dei à problemática moral do médico tem toda a razão de ser, dado que acredito que o médico deve ter a liberdade para invocar, ou pelo menos questionar-se, com problemas de consciência e de moral no caso particular de indução de um aborto. E aqui não me refiro a doutrinas religiosas, mas aos princípios que regem a consciência de cada um e no qual assenta a sua respectiva moral. Sinceramente não compreendo onde está a incoerência ou a incompatibilidade, entre a minha apologia da eficácia e do direito à escolha com esta matéria.

Colocas-me algumas questões: "E se o médico achar que as cirurgias pláticas são triviais, ou que se recusa a fazer operações arriscadas que possam prematuramente extinguir a vida duma pessoa ou até recusar-se a colocar em risco a vida duma mãe para que haja uma tentativa de nascimento duma criança?"

Essa é uma opção do médico e não vejo qual o dilema caso isso aconteça. Agora ele tem de ter consciência das repercussões que essas opções vão ter. Para além de perder um paciente, no futuro caso esse doente (ou outro) pudesse escolher esse ou outro preocedimento, provavelmente escolheria outro profissional. Ao contrário do que possas pensar, isto é bastante frequente. Por algum motivo, os melhores especialistas do mundo são aqueles que são conhecidos pela coragem em proceder em intervenções complexas e arriscadas.

Continuas a argumentação: "Se as leis apontam - por referendo ou por representação - num determinado sentido, concordes ou não, concordem os médicos ou não, não cabe a estes condicionarem a aplicação dessa orientação."

Correcto, mas temos que ter em atenção no que diz a lei. Esta apenas indica em que situações pode ser realizado legalmente o aborto. Apenas isso. As circunstâncias e outros factores relacionados têm de ser ponderados pelo médico e pela família. Esqueces-te que o facto de um acto não ser judicialmente punido, não implica que deva ser realizado de forma completamente indiscriminada. Para uma pessoa que se assume próxima do socialismo e que critica os liberais por não se preocuparem com a pessoa, pareces menosprezar, em detrimento da lei, a parte fundamental neste processo - as pessoas, tanto os médicos como a família.

Desvantagens competitivas...



Quando a "concorrência" tem trunfos destes, é complicado sobreviver no mercado... Trunfos à parte, recomendo o interessante artigo do Luís Aguiar-Conraria: "O trabalhador, a feia, o vilão e a sua bonita advogada."

quinta-feira, setembro 21, 2006

Relutância??



O ministro Correia de Campos afirmou hoje que os hospitais públicos fazem poucos abortos por relutância dos profissionais, traçando como meta aumentar o número de abortos nos hospitais públicos. Não vou aqui fazer debates ou críticas sobre o polémico tema da despenalização do aborto, tema aliás que motivou estas declarações do sr. ministro, mas mostrar a minha indignação com estas declarações quase ignorantes do ministro Correia de Campos.

O tom sobranceiro e pomposo com que o ministro faz estas declarações é completamente surreal. Percebe-se que o ministro nunca teve de lidar com um caso real deste género, em que se pondera a hipótese de ter que induzir um aborto. A postura do sr. ministro parece unicamente virada para o melhorar das estatísticas dos hospitais públicos, mostrando-se quase desapontado com essa "relutância" dos profissionais. Sim, porque a decisão de abortar um feto, deve ser na opinião do senhor ministro, uma decisão trivial e tomada diariamente na prática clínica. Os pais certamente aceitam a decisão, sem levantarem as menores reservas. Para o sr. ministro o problema resolve-se a uma relação entre estatísticas. A consciência dos profissionais e daqueles que terão que lidar com o problema (os familiares), constituem o empecilho desta questão.

quarta-feira, setembro 20, 2006

O próximo PM Japonês: Shinzo Abe



A mais que provável eleição de Shinzo Abe como PM japonês vai certamente alterar o equilíbrio geopolítico asiático dadas as mudanças que este já prometeu fazer na política externa do país. A grande questão é saber como Abe vai conduzir esse difícil processo e quais as repercussões que essas mudanças terão naquela zona politicamente complexa.

terça-feira, setembro 19, 2006

Será (demasiada) experiência?



A propósito dos recentes protestos na Hungria contra o Primeiro-Ministro Ferenc Gyurcsany, foi interessante verificar a reacção de algumas pessoas a este episódio. A normalidade, a indiferença e o sentimento de não-surpresa eram patentes em praticamente todos com quem falei... Que os portugueses já estão familarizados com este tipo de situações, não é surpresa. Mas o que me preocupou foi o mesmo a aparente passividade perante a situação. Será que o descrédito pela nossa estrutura política já chegou ao ponto da indiferença?

segunda-feira, setembro 18, 2006

A demonstração...


... que o espectro político é circular.

24


Vi hoje o último episódio da season 5 da excelente série 24. Não fiquei com qualquer dúvida que os Emmys que ganhou foram totalmente merecidos. Ficamos todos a aguardar a season 6 que estreia em Janeiro nos EUA e que promete continuar a emocionante saga.

domingo, setembro 17, 2006

Viragem à direita



Depois de quase 12 anos de governação social-democrata, tudo indica que a oposição de centro-direita venceu as eleições na Suécia. Num país em que o modelo de desenvolvimento parece ser o sonho de toda a Europa, os suecos quiseram mudar. As taxas de crescimento económico e os índices de desemprego já não são aquilo que eram e os suecos desejam reformas profundas de modo a estimular a economia.

sábado, setembro 16, 2006

Uma velha discussão: Os três truques da direita

Mesmo tarde, não me esqueci deste post do Hugo Mendes, escrito na sequência de uma discussão que tivémos, a que prometi responder. O Hugo levanta temas e questões muito interessantes no seu texto, que vou tentar responder e comentar.

Parece que no decurso da nossa discussão, o Hugo encontrou no meu estilo (embora não o diga directamente, isso parece ser consensual) alguns truques, que ele classifica como de direita. Não vou aqui aprofundar questões de semântica, ou se fico ofendido com a designação, pois siceramente isso é algo que me é indiferente.

O primeiro truque apontado pelo Hugo, usado pela "direita", é o do socialismo real. O HM afirma que cada vez que uma pessoa fala sobre as políticas de redistribuição, do enfoque sobre a pobreza ou sobre as desigualdades, etc., a resposta habitual é disparar imediatamente contra as experiências do "socialismo real" . Antes de mais é interessante verificar o medo, quase a aversão, com que muitos socialistas ditos moderados, olham para os resultados de uma política socialista plena. Porém, compreendo na perfeição que não gostem de serem indexados nessa forma ideológica, que teve os resultados que todos conhecemos. De qualquer das formas, este também poderia ser um truque usado pela esquerda para classificar a direita. Aqui a parcialidade do Hugo parece que hesita, dado que uma reforma que possa afectar alguns trabalhadores, mesmo que seja provisioriamente, é vilependiada à velha mandeira sindicalista, sem esquecer as velhas e populares denominações de fascismo. Dirá o Hugo que estou a derivar do assunto. Não estou, apenas aponto como uma questão de coerência. O HM tem razão na frase que escreve, nas situações em que delimita e explicita claramente o seu conceito de restribuição, pois não pode esperar que possamos adivinhar em que escala é que defende a ideia.

O segundo truque, é a caricatura que a "direita" faz do conceito de Estado defendido pela esquerda: é que a esquerda imagina que o Estado é uma entidade infalível na acção e perfeita na ética, que teria todas as soluções para os problemas do mundo. Acrescenta logo de seguida que só os socialistas dogmáticos e os fascistas podem pensar assim. Colocando os fascistas de lado, dado que a sua visão de Estado embora não seja de infalibilidade do Estado per se, mas do seu uso (o que vai dar quase o mesmo), o conceito de socialista dogmático é interessante. O Hugo não é muito explícito neste ponto, mas não deverá desviar muito do conceito de socialismo cego ou alheio à realidade. Resta o tal socialismo moderado. Se é verdade que a esquerda moderada, pela voz dos socialistas, não acredita no Estado como entidade infalível na acção e perfeita na ética, eu pergunto que meios ou que ideias defende a esquerda para prevenir, ou melhorar tais factos que são uma realidade. Se a direita, ou melhor, a direita liberal defende a diminuição do peso e da dimensão do Estado em parte para corrigir esse problema, a esquerda, com toda a legitimidade, aponta o Estado como uma instituição com um papel importante na sociedade e embora rejeite a acusação da direita daquela visão do Estado, não a encara e muito menos aponta soluções para ela. No fundo, a caricatura que o Hugo fala, não é mais que uma lacuna do pensamento socialista no que diz respeito ao conceito de Estado.

Por último, o último truque que o Hugo aponta é o das soluções de esquerda, serem consideradas como "utópicas", cheias de "boas intenções" e completamente "ineficazes". Na sua visão, as ideias e projectos da "direita" é que são completamente fantasistas e cuja capacidade para resolver problemas sociais e económicos prementes é próxima de zero. Neste ponto, não há muito para discutir. Eu tenho um grande respeito pelas opiniões, ideias e projectos de pessoas como Hugo, tenho um imenso prazer em discutir com elas os mais diversos temas, mas apesar de tudo, continuo a achar que estou do lado certo da barricada, ou seja, continuo a defender as minhas ideias como as mais competentes para uma determinada situação. Com as discussões que participo, sou forçado a ver por vezes que não tenho razão em certos pontos, e aí não tenho qualquer problema em admitir que estava errado, e concordar com a outra pessoa. Agora, este argumento (ou truque) não pode ser imputado em áreas políticas, pois são habituais em discussões que se personalizam e que reflectem a opinião de cada um, umas vezes com uma conotação mais forte do que cada um tem.

Mas passados os truques da direita, o Hugo refere algo que concordo em absoluto: Para os comunistas, o Estado era o comité da burguesia exploradora, e para os neo-liberais o comité da burocracia cleptocrata. Estão todos uns bem para os outros: não há nada como a pureza metafísico-ideológica anti-estatista para os confortar. E acrescenta: Há, porém, um pequeno problema no meio disto tudo: a pureza metafísico-ideológica dá-se mal com a análise empírica da realidade, e por vezes de mecanismos elementares de funcionamento do "capitalismo de bem-estar". E' aqui que a qualidade das opiniões e dos debates realmente me desilude, porque se transformam opiniões legitímas em asserções empíricas que são em alguns casos muitíssimo duvidosas, e noutras realmente falsas.

Para aqueles que acompanham aquilo que escrevo, conhecem que não tenho muita simpatia por doutrinas puras, que se regem quase exclusivamente por um conjunto de regras invioláveis, abstraindo-se de noções importantes da realidade em nome de uma certa pureza. Eu valorizo muito mais a minha liberdade de pensamento e a lógica que observo nos acontecimentos, do que seguir uma linha que será certamente bem mais coerente em todos os temas conhecidos. É essa diversidade que torna interessante a discussão dos problemas da nossa sociedade e a busca de soluções.

Sol (2)

É quase uma certeza que em pouco tempo o semanário de José António Saraiva vai ser um sucesso. Hoje li o Expresso e li o Sol. Embora as partes que me interessassem no Sol correspondessem a 1/4 do conteúdo do semanário, deram-me muito mais prazer a ler que todo o Expresso. É certo que na estreia de um jornal, as opiniões podem não ser muito parciais, mas não restam dúvidas que a aposta de JAS num jornal "fragmentado" para diversos públicos dará bons resultados.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Sol



Não escondo que estou com alguma expectativa para consultar o novo semanário de José António Saraiva, o Sol. Mas já hoje podemos consultar a versão on-line: Simples e acessível, está uma boa página de informação... Quanto à versão impressa, é só aguardar até amanhã...

Verdades inconvenientes...



Segundo o Público de ontem, o secretário de estado do ambiente parece ter ficado impressionado com a propaganda eleitoral o documentário ambientalista de Al Gore. À saída, recomendou a todos os portugueses o dito "documentário". É bom ver que o secretário de estado consegue discernir na perfeição ciência e política.

quarta-feira, setembro 13, 2006

E por falar em séries de televisão...


Magistral, o último episódio de Six Feet Under.

Without a trace...*



*Adaptação blogosférica de uma excelente série de televisão...

Para os viciados em blogs: How to Dissuade Yourself from Becoming a Blogger

What a buzz all the bloggers are making these days! It seems like just about everybody is pouring their musings into a text box. Are you feeling tempted to start a blog of your own? Here are some ways to bypass the trend.
Steps

1. Find five completely random blogs, and read them daily for a month. After thirty days, you will absolutely dread your self-imposed requirement to read all that dreck. Any blog you create will most likely be on par with what you've been reading. Don't put anyone through that.

2. Consider that your voice, even if it is truly a good one, is a tiny peep against the massive wave of tripe out there. The odds of anyone you don't already know finding your blog are low.

3. Write on a regular basis in Wordpad instead. If that doesn't satisfy your urge, and you feel that you must post your blog online, then you might just be craving attention and validation-which you'll never truly find in a blog. If you give up on your Wordpad journal after about three days, you'll do the same with a blog that just takes up server space.

4. Ask yourself if you really have the time to commit to a blog. What about that treehouse you wanted to build? Or the book you wanted to write? Or the car you wanted to fix up? Or the restaurant you wanted to take your wife to? Or the new career you wanted to pursue? Instead of writing about pretty much nothing, or whining about all the things you wish you were doing instead, start doing something that'd actually be worth writing about. And if it's really worth writing about, you'll be having too much fun doing it to tear yourself away from it.

Back on track...

Passadas quase duas semanas depois do tempo que tinha estipulado para regressar ao blog (sim, é uma vergonha...) regresso a este espaço. A frágil relação de confiança que tinha com os meus leitores regulares foi certamente ao ar. Um ano a trabalhar para a clientela, e pronto, em duas semanas estraga-se o esquema.

Acompanhei muito esporadicamente a blogosfera, e quando o fiz, restringi-me a um ou dois blogs... A minha curta visita pelos blogs "regulares" mostra-me que tudo está na mesma... A blogosfera está a tornar-se repetitiva e com um espólio de ideias guardados nos posts mais antigos, que são polidas vezes e vezes sem conta... O que está a dar são as lutas entre blogs (que dão visitas, muitas visitas...), as polémicas, as difamações e muito mais recentemente as conspirações. Chega-se a um ponto em que não conseguimos evitar um bocejo...

Mas esta análise da blogosfera fica para uma altura mais apropriada. Sem mais nada para acrescentar, volto aos posts (sim, ainda não me habituei à ideia de "postas"...)


P.S. Para aqueles que já não podiam ver o Kit-Kat na abertura deste blog, as minhas desculpas. Prometo para a próxima escolher uma opção de maior qualidade.

P.S. 2 Rejeito categoricamente as acusações de estar a receber elevadas quantias monetárias da empresa Kit-Kat...

Quote


"No man needs a vacation much as the man who has just had one."


Elbert Hubbard