quinta-feira, julho 21, 2005

Cansaço... mas de quem?



Campos e Cunha abandona o executivo de Sócrates, no dia em que colocava as minhas esperanças na sua revaliação do aeroporto da Ota. Se Jorge Coelho tivesse lido o meu blog no dia de ontem, falaria de "coincidência infeliz", com uma taxa de confiança de 99%...

Para o abandono do cargo, Campos e Cunha refere motivos pessoais e cansaço. Tem toda a legitimidade para tal, mas o adjectivo cansaço despoletou-me algumas dúvidas, ou melhor, garantiu-me algumas certezas... Na semana em que se discute o plano de investimentos do novo executivo, na semana em que Campos e Cunha publica um artigo de opinião no Público sobre a necessidade de reflectir sobre certos investimentos públicos, uma semana depois de ter apresentado em Bruxelas o Programa de Estabilidade e Crescimento decide demitir-se? Desculpem as minhas interrogações, mas uma pessoa como Campos e Cunha, cujo sentido de dever e responsabilidade para com o seu cargo há muito não se via na política, caso decidisse demitir-se não seria seguramente nesta altura! E para ajudar a toda esta amálgama de acontecimentos, o nome de Fernando Teixeira dos Santos é apresentado quase instantaneamente...

Não sejamos hipócritas, ao ponto de não nos apercebermo-nos daquilo que se passou. Campos e Cunha ficou cansado de José Sócrates e dos seus caprichos, e tal como tinha sido noticiado pelo Expresso já há algum tempo, demitir-se-ia caso não pudesse avançar com as medidas que achava correctas. Esse momento chegou. Associado ao descontentamento de Sócrates, pela descoordenação do seu ministro das finanças e os restantes, resolveu fazer a primeira remodulação governativa, chamando para o cargo Teixeira dos Santos. Devo dizer, que estou muito reticente quanto ao nome apontado pelo PM, sobretudo devido a antigas ideologias que este apresentou(a)...

O aeroporto da Ota constitui uma pedra no sapato do executivo de Sócrates, e um bom ministro que quis retirar essa pedra para que o País pudesse evoluir, foi afastado imediatamente, em nome da imagem "coerente" do governo. Como ficará a nossa credibilidade nacional e internacional, depois deste episódio? E aproximando-se novos debates, quais as "surpresas" que Sócrates preparou para o povo português...

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