sábado, julho 30, 2005

O Escolhido?



Há cerca de um mês era dado como Presidente da República, sucessor de Jorge Sampaio pelos militantes do PSD, que apregoavam o seu nome com um sorriso nos lábios. Nos dias que correm, os sentimentos e expressões faciais mudaram. Apregoa-se não a vitória, mas a candidatura daquele que foi o primeiro-ministro com mais tempo em funções e detentor de duas maiorias absolutas. A falta de confiança é notória, mas esta não reside no candidato, mas sim no partido que o viu crescer e que agora o vê partir. O perfil de Cavaco Silva separou-se do partidarismo político, um facto que lhe confere muito maior prestígio, credibilidade e sentido de estado. Mário Soares pelo contrário, ainda mantém o "estigma" de homem do partido, e salvador do PS em tempos críticos...

A eleição de Cavaco Silva, conduzirá o cargo de Presidente da República para outro patamar. Um cargo mais atento e interveniente na política governamental, um cargo que poderá servir de suporte ao governo. Estas "novas funções" de PR poderam constituir uma grande motivação para o voto em Cavaco. Enquanto que Jorge Sampaio teve apenas uma função moralizadora e estabilizadora (se fecharmos os olhos à dissolução da AR), Cavaco ao ser eleito quererá ter um papel activo na governação do país. Será isso algo positivo? Arrisco-me a dizer que sim, já que uma governação requer uma grande unidade e apoio, que vai muito além do partido no governo.

Por último, a eleição de Cavaco Silva pode resultar como uma benção e uma maldição, simultaneamente. Uma benção, pois seria a primeira vez que um homem da região política de centro-direita seria eleito para o maior cargo da nação. Porém constituiria uma maldição, na medida que o papel quase "autoritário" de Cavaco, seria um enorme entrave a uma liberalização da área política da direita, e consequentemente da sua renovação.

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