quinta-feira, outubro 20, 2005

A Política e a Técnica




Passados alguns dias após a apresentação do Orçamento de Estado, as contas continuam a não bater certo. Infelizmente parece que é um dado adquirido que a receita fiscal aumenta, embora a palavra impostos tenha sido evitada. A ideia até não é má. As pessoas pagam mais impostos, não se apercebem de tal, e evita-se uma quebra no consumo. Obviamente que estas nobres intenções chocam com "as chatas" conversas de transparência do Estado e a sua maior aproximação dos cidadãos... Não é minha intenção incutir nos meus leitores, a falsa ideia de que creio que este cenário foi todo premeditado, mas na minha opinião parece que foi o que restou destas representações.

Sobre este tema, li vários artigos e análises do orçamento, em vários jornais e blogs. Destaco um artigo do Diário Económico, que sucintamente analisa o OE de maneira simples e realista.

(...) não é este, ainda, o Estado que a economia quer. Pode até estar no bom caminho, mas o que se exige é o que não se vê neste OE2006: um Estado efectivamente menor, o que implica fechar portas a muitos departamentos públicos, e a crença numa diminuição da carga fiscal, o que implica que este monstro custe, de facto, muito menos dinheiro a manter.
Fernando Teixeira dos Santos foi mais longe no discurso político, dizendo exactamente aquilo que o mercado queria ouvir. Mas o OE 2006 não traduz em números, pelo menos para já, as palavras do ministro.


Eu pessoalmente nada tenho contra Teixeira dos Santos. O problema reside em ser o segundo ministro das finanças deste executivo, o que torna a sua imagem um pouco fragilizada (o velho estigma da segunda escolha...). Conhecendo as razões da saída de Campos e Cunha, olho-o de uma forma menos técnica e mais política. Creio que a nossa situação precisa de mais técnica que política. A técnica não sofre pressões, e geralmente tem bons resultados. A política infelizmente não. É óbvio que uma técnica sem uma forte base política, é presa fácil, mas mesmo assim prefiro apostar na técnica, e procurar defendê-la dos ataques da política, que ao contrário. É claro que a visão de política que aqui retrato é quase uma autêntica preversão, mas dadas as oscilações que esta tem sofrido, nem consigo distinguir bem os seus limites...

Sem comentários: