sábado, outubro 08, 2005

Retrospectiva - Campanha Autárquicas 2005



Fazer uma retrospectiva de uma campanha eleitoral, nunca é tarefa fácil. Se estamos a falar duma campanha para as autárquicas, de tal modo atípico como esta, a situação complica-se. Obviamente existem os "iluminados" que conseguem fazer análises a 48 horas do fecho das urnas, como é o caso de Fransciso Louçã. Para o dirigente, a análise dos resultados será muito simples. O CDS/PP terá um resultado catastrófico. O PS e o PSD "estão" numa situação muito difícil. (Não compreendo bem esta declaração nem o tempo verbal utilizado, já que a maioria das câmaras oscila entre PSD e PS, logo é complicado encarar uma situação difícil para ambos os partidos). A CDU deverá manter a sua situação, e apenas o BE deverá se afirmar. Será que Louçã quererá dizer que o BE beneficiará do "desastre" que terá o CDS e da "situação difícil" do PS e PSD? Não existe paciência para andar a tentar compreender os axiomas inegáveis de Louçã, muito menos depois da campanha completamente demagógica que fez, acusando tudo e todos de corrupção, ignorando a única autarquia bloquista, que também estava sob suspeitas ilícitas.


Esta foi sem dúvida, a campanha mais marcada por incidentes, acusações graves e um grande número de candidaturas independentes dos últimos tempos. O espaço de discussão foi reduzido ao mínimo de sempre, vítima em grande parte daquilo a que se denominou o "bando dos quatro", um conjunto de personagens com uma campanha de guerrilha partidária, ou seja, de uma enorme mediatização. Os cidadãos interessavam-se mais pela autarquia de Felgueiras ou Amarante, dada a riqueza de informação veiculada pelos media e um constante fluir de novas e tórridas notícias, do que pelos seus próprios munícipios. Misturou-se alhos com bugalhos, dado que falou-se em presidenciais até bastar, e no final ainda houve tempo para discussões de aborto e sistema judicial... Os grandes prejudicados nesta campanha, foram sem dúvida os partidos e a classe política em geral. Jorge Coelho, afirma isso mesmo na sua crónica desta semana no DN. Infelizmente não afirma, que teve uma quanta parte de responsabilidades na crescente descredibilização da classe política nas últimas semanas. O seu papel de líder-sombra do PS, não ajudou nem ao governo nem à campanha... Quanto aos restantes líderes, Marques Mendes fez uma campanha limpa, pautada pela prudência, e será provavelemente suficiente para garantir a presidência da Associação de Municípios. Enfim, deixou-se levar pela corrente, preferindo o leme ao motor. Ribeiro e Castro talvez seja o que tem mais a perder, já que são as suas primeiras eleições, e tem a responsabilidade de renovar o voto no CDS. Possui candidaturas fortes, infelizmente não podemos considerá-las na sua maioria úteis. O slogan "De novo ao seu lado", constitui um episódio triste que espero não se volte a repetir. Jerónimo de Sousa, joga pouco nestas eleições. O seu cargo está seguro (em grande parte devido ao resultado das eleições legislativas), e não tem muita ambição nestas eleições. Manter os resultados das anteriores autárquicas é um bom resultado para a CDU. Por fim, Francisco Louçã. Não se pode dizer que tenha feito uma campanha audaz, já que aquele discurso agressivo já é habitual no Bloco. Dado o partido que lidera, a imprevisibilidade é ao mesmo tempo a sua maior preocupação e o seu maior trunfo. O Bloco assume-se como alternativa, não pela sua postura, mas mais como refúgio político. Dada a pequena dimensão das suas candidaturas, o Bloco fica escondido na cortina Sá Fernandes e Teixeira Lopes, em Lisboa e Porto respectivamente. Para finalizar, uma pequena referência às sondagens efectuadas, já que a diferença que se assistiu entre estas (principalmente na recta final), deu origem a um grande sensacionalismo jornalístico, que apenas serviu para agitar (ainda mais) a campanha.


Resta-me desejar uma boa escolha para amanhã...

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