A política tem destas coisas, ou então são coisas minhas... Nos momentos em que não tenho oportunidade de estar frente a um computador, é quando temos um anseio de teclar freneticamente sobre determinado assunto. Este sentimento ocorreu-me na segunda-feira, quando via o programa de António Vitorino na RTP.
Tenho um enorme respeito e admiração pelo Dr. António Vitorino, admiração que cresceu com a sua estadia em Bruxelas e pelo grande trabalho desenvolvido com a pasta da justiça no seio da comissão europeia. Todavia, desde a sua chegada a Lisboa, que o seu carisma e perfil político têm sofrido algumas baixas na minha opinião. Não me refiro à sua ausência no governo Sócrates, mas grande parte devido aos seus comentários. O primeiro "atrito" foi, (e arrisco-me a dizer que continua a ser...) o TGV e a Ota. Vitorino, é um homem de grande visão moderna a nível técnico, o que faz falta a muitos políticos (Mario Lino inclusivé). Contudo, possui uma grande desvantagem, encontra-se refém do partido socialista. Quando lhe perguntaram se concordava com estes projectos, a sua resposta foi: "Prefiro não falar desses projectos, atrai-me mais os concursos das eólicas". A verdade é que estamos em Portugal, e os jornalistas não dão tréguas e Vitorino teve que se explicar, mas novamente esquivando-se do essencial. "Nada ainda está confirmado...", "É necessário que Portugal mantenha o caminho do desenvolvimento...", "O programa eleitoral do PS (que ele próprio escreveu...) apenas refere a avaliação e sustentabilidade dessas obras". É notório que este não tem grande empatia pelos projectos, mas consegue refugiar-se "nos estudos".
A propósito das recentes nomeações na CGD, afirmou (e concordo plenamente) que é necessário acabar com esta mudança de cadeiras laranja/rosa, e indemenizações milionárias. Todavia, foi mais além e declarou que as recentes nomeações eram um reflexo e um impulso irrerversível nesse sentido. Eu questiono-me como é possível que uma administração seja despolitizada quando pessoas como Santos Ferreira e Armando Vara, entram para o seu quadro? Questionado sobre a continuação de Celeste Cardona, continuou com o discurso politicamente correcto (para o PS note-se), falando em palavras como credibilidade, avaliação, e Celeste todos na mesma frase. A minha posição sobre a CGD, foi muito explícita neste post, daí que não me alongarei mais neste assunto.
A face do PS, com as recentes nomeações saiu irremediavelmente suja, e não seram os toques de maquilhagem de António Vitorino que farão desparecer a sujidade. A sujidade continua lá, impregnada nas linhas do governo PS. Pior ainda, é a perda de um personagem imparcial que tanto deu a Portugal e teria ainda muito para fornecer, já que arrisca-se a ser sugado pela teia media que o PS construiu.
3 comentários:
Por outras palavras, o Vitorino era bom quando estava longe e não se sabia o que fazia...
Eu que sempre me mantive informado sobre a actividade do Vitorino em Bruxelas sempre tive uma péssima opinião dele...
O que está a acontecer agora só a confirma.
Meu caro, permita-me que discorde de si neste aspecto. António Vitorino é um excelente político, com obra feita na pasta da justiça em Bruxelas, com inúmeras provas dadas. Para mim, voçê constitui a primeira pessoa que não concorda com isso, tendo toda a legitimidade para isso. Apenas gostaria de saber, as razões para tal... Continuo a afirmar, que o espaço de manobra político em Portugal que o PS "permite" é o grande entrave a um Vitorino a 100%.
É possível que o post aparentasse estar um pouco refém, embora seja sincero, este post foi contruído numa atitude isenta de partidarismo político... (como em quase todos os outros...).
É um facto que "os jobs for the boys" não possuem apenas a côr rosa, porém na actualidade é inegável que os mais mediáticos estão na linha pink... Apenas por esse motivo, peguei no tema. Todavia, as listas de Carmona à CML têm dado muito que falar... E não será porque a lista de Carmona se aproxima mais do meu quadrante político, que deixarei de criticar e elogiar aquilo que considero certo, ou errado.
Bem haja
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