sábado, abril 22, 2006

Os Portugueses e a Economia

Portugal é um país estranho a diversos níveis, todos o reconhecem. Somos um país que parece condenado ao saudosismo da nossa História, e embora nos consideremos um país desenvolvido, pertencente à UE já há 20 anos, andamos sempre à procura de uma referência externa. São gastas quantias consideráveis em estudos, pesquisas e na construção de modelos para serem implementados no nosso país, sempre anunciados como o momento de viragem para Portugal. Porém, a realidade mostra-nos que estes projectos continuam empilhados em numerosas salas na cave de vários departamentos. Não somos capazes de elaborar um modelo próprio, e muito menos assimilar um modelo diferente.

Parece ser na economia que este retrato se torna mais visível. Quase todas as semanas os portugueses são levados a acreditar que finalmente, com duas ou três medidas, a economia vai começar a funcionar. O desemprego vai diminuir, os salários vão finalmente crescer acima da inflação, que afinal a Segurança Social não está em crise, ou que pelo menos, está a inverter-se o cenário. Mas depois chegam os gráficos, as tabelas provenientes das mais diversas instituições que mostram a triste realidade. Mas estes resultados, não mostram apenas como está a economia portuguesa, comparam também a evolução da economia do nosso país como a de outros. Chega até ao ponto de fazer recomendações para que a nosso desempenho melhore!

Foi durante esta semana que diversos relatórios foram publicados sobre a economia portuguesa. O relatório da OCDE diz muito claramente quais devem ser as linhas de acção do executivo: Flexibilização do mercado laboral, de modo a diminuir o desemprego; Equilíbrio das contas públicas; Redução da despesa do Estado; Aumento da concorrência no sector energético e das telecomunicações, entre muitas outras. Este relatório, bem como estas recomendações, vêm sendo veiculadas há muito tempo, mas por algum motivo Portugal opta pelas suas "medidas", fruto do investimento que fez nos mais diversos estudos sobre outros modelos de sucesso, que no fundo seguiram linhas de acção praticamente idênticas às da OCDE.

Passado tanto tempo, esperava-se que os portugueses compreendessem um pouco mais o rumo da nossa economia. Alguns partidos já captaram a ideia. Os partidos mais à esquerda na AR, sentiram-se preocupados com o relatório em dois aspectos. Um, pelo mau estado da nossa economia. Segundo, pela tendência liberal das medidas que o relatório propôe. Eu, por outro lado, fico preocupado se estas recomendações passarem de novo ao lado dos nossos governantes.

Sem comentários: