terça-feira, julho 04, 2006

A esquerda populista



Evo Morales declarou vitória nas eleições que se realizaram na Bolívia, que visam eleger uma assembleia constituinte para escrever uma nova constuição, num grande estilo socialista. Ao mesmo tempo, foi votado um referendo que poderia dar mais autonomia às regiões.

Numa altura em que todos os olhos estão centrados na América Latina, onde num curto espaço de tempo estão a haver eleições em vários países, e onde as influências de Chavez e Morales estão bem patentes, estas eleições ainda eram vistas como uma oportunidade para os bolivianos poderem escolher um caminho certo, propício ao seu desenvolvimento. Embora a Bolívia tenha votado maioritariamente no partido de Morales nestas eleições (cerca de 60%), fazendo as delícias da esquerda populista lá do sítio (e também de ), Morales não atingiu a maioria necessária para efectuar as alterações que bem entende sozinho. Se isso será suficiente para bloquear os seus desejos de tornar a constituição um poço ideológico socialista, minando a democracia e continuando o precurso anti-económico (o mesmo é dizer, pró-pobreza), ainda estamos para ver. Melhor esteve no referendo, onde apenas quatro regiões votaram a favor.

Mas no mesmo dia, aparecem boas notícias, como a vitória tangencial do conservador Felipe Calderón no México. Olhando em retrospectiva para o precurso eleitoral dos últimos meses naquela área do globo, o rumo até nem foi mau. Quando a alguns meses, Morales e Chavéz imaginavam um reduto socialista anti-americano naquela área do globo, era com preocupação que vários países ocidentais olhavam as eleições que se aproximavam, tendo em conta a influência dos dois homens junto da esquerda de cada país. Ao contrário das expectativas, e com as circunstâncias a permitirem um espaço de tempo razoável entre as eleições, os eleitores afastaram-se dos candidatos de esquerda, principalmente devido à sombra de Chavéz. Recordo-me por exemplo do caso das presidenciais do Peru.

Entrando agora num período de estabilidade política, sem eleições à vista (creio), será interessante verificar as consequências das opções de cada país e os ataques que inevitavelmente vão surgir, principalmente dos minoritários socialistas. Escusado será dizer, que quando as coisas começarem a correr mal nos seus países (ou melhor no país - Bolívia - já que a Venezuela tendo ainda grandes quantidades de petróleo consegue manipular o clima), será interessante ver as culpas serem depositadas (novamente) nos vizinhos, na globalização, nos EUA, etc...

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