Podia ter sido um debate interessante e produtivo. Não foi. Alguns convidados deixaram muito a desejar, mas mesmo assim, aquilo que estragou completamente o debate foi a plateia completamente bipartida e frenética, que não ligava a nada a não ser fazer mais ruído que a outra claque. Compreendo que um debate ganha com uma audiência real, mas perde em toda a linha quando não se consegue ouvir uma linha de raciocínio sem ser-se interrompido vezes sem conta.
De todas as pessoas que intervieram, apenas gostei de ouvir (e estive em pleno acordo) com o Bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes. Desde a sua escolha de estar em directo, em vez de estar a meio da batalha tribal, até à maneira elegante que ultrapassou muitas das questões comprometedoras de Fátima Campos Ferreira, foi sem dúvida a pessoa que mais gostei de ouvir falar (até porque não foi interrompido pela plateia...).
Quanto aos restantes, considerei alguns abomináveis e outros razoáveis. Não me identifiquei com as posições de nenhum deles, até porque ainda me restam algumas dúvidas sobre o tema. É por essa razão que ainda não me pronunciei directamente sobre o assunto, nem faço parte de qualquer movimento contra ou a favor.
Se fosse para eleger as duas pessoas que mais se destacaram de cada lado, escolheria os dois médicos de serviço: Miguel Oliveira e Silva e João Paulo Malta. Com estilos completamente diferentes, eram de longe os mais bem preparados para o debate (e não me estou a referir apenas à sua formação científica sobre o assunto), mas pela clareza e coerência de posições e por terem sido aqueles que levantaram as questões mais pertinentes. Não sei se este debate contribuiu para clarificar as posições dos portugueses. Espero que sim. Infelizmente, para mim, não contribuiu.