Passados dez anos, que balanço é possível fazer da presidência de Jorge Sampaio? É sempre difícil efectuar uma avaliação com base em anteriores presidentes, tendo em conta que ainda foram poucos aqueles que foram eleitos pós-25 de Abril. Deste modo, as opiniões sobre o mandato de Sampaio recaem maioritariamente sobre as suas escolhas e a forma como entendeu o semi-presidencialismo.
Eu creio que Sampaio enfraqueceu o cargo de PR, mas não por ter sido um líder "fraco", mas sim por não ter utilizado da melhor forma os grandes e os pequenos poderes do cargo. Ao longo deste tempo, um acontecimento ficará na história da política nacional - a dissolução da assembleia. Para todos os efeitos, esta foi uma decisão forte, reveladora de um grande poder presidencial. Os Portugueses tiveram a percepção de que o cargo afinal não era inútil, possuía indicações que o sustentavam. Todavia, não é de dissoluções que vive um cargo como o de PR. E foi neste aspecto que Sampaio teve uma acção que deixou muito a desejar, esvaziando pequenos poderes que enfraqueceram a sua posição. O regime semi-presidencialista não significa que o cargo de PR deva estar num canto completamente oposto ao do parlamento, até porque os regimes sofrem oscilações, e neste caso em particular o parlamentarismo foi muito forte, em parte devido a Jorge Sampaio.
Não creio que Sampaio vá deixar saudades, tendo em conta que foi na sua governação que Portugal conheceu um dos maiores períodos de instabilidade pós-25 de Abril. Em alguns aspectos teve azar, mas não certamente em todos. Na política existe a sorte, o instinto e a firmeza, sendo a primeira o único factor que não é facilmente controlado. Assim, Sampaio poderia ter poupado muitos tristes episódios à sua pessoa, e a todos nós. Mas o grande balanço de Sampaio ainda não chegou. Será quando Cavaco assumir definitivamente a presidência, que ficará claro como foi a presidência de Jorge Sampaio.
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