Aumentar o crescimento económico, diminuir o desemprego na Europa, chegar a acordo quanto à política energética europeia, avaliar a aplicação da Estratégia de Lisboa nos vários países da UE. Estes são alguns temas que serão abordados na Cimeira da UE que se inicia hoje com os 25 líderes europeus. São temas importantes no presente, e ainda mais no futuro. É cada vez mais claro que são necessárias medidas fortes, acordos fortes, de modo a travar a espiral de problemas que assola a Europa. Era nesta altura que a UE necessitava de líderes fortes, capazes de deixar a política interna em casa e de encararem os problemas da Europa a sério, acabando de uma vez por todas com este modelo social europeu, que a cada dia que passa asfixia economicamente toda a Europa.
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E onde estão esses líderes? Quem poderá ser a voz que defenda um espaço livre de pessoas e bens dentro da Europa, quem poderá ser a voz que defenda já o levantamento das inúmeras barreiras proteccionistas nos diversos estados e responsabilize o nacionalismo económico como um dos principais factores para a estagnação europeia? Não parece existir um líder capaz de defender estes princípios e que não esteja enfraquecido pelos acontecimentos políticos no seu país. Berlusconi prepara-se para chegar à cimeira e apontar o dedo a Jacques Chirac e ao seu proteccionismo, mas o que preocupa mesmo o PM Italiano é a proximidade das eleições legislativas e o avanço de 5% que o seu adversário Romano Prodi leva. Chirac defender-se-á das acusações, e tentará usar a sua reputação de europeísta para salvar a honra da França. Os seus pensamentos estarão certamente bem longe de Bruxelas, reflectindo sobre as reacções à problemática lei laboral aprovada pelo governo, bem como se mantém o seu apoio ao seu pupilo Villepin ou troca de candidato para enfrentar o popular ministro do interior nas próximas presidenciais. Angela Merkel, a sensação da última cimeira, deverá coordenar a discussão sobre política energética. Porém, esta já sente os problemas na coligação que governa a Alemanha. A proposta da nova legislação laboral já encontra resistências no SPD e o anúncio do envio de tropas para o Congo, colocou Merkel na mira da oposição alemã. Nem mesmo Tony Blair escapa às dificuldades dos principais líderes europeus. Com uma popularidade em queda, o PM britânico tem consciência que atravessa os últimos dias da sua governação. A sua preocupação é garantir a vitória do seu partido nas próximas eleições, e a consequente indigitação do seu ministro das finanças, Gordon Brown, como PM.
São estes os líderes que devem, ou deveriam, tomar a dianteira nesta cimeira. Tudo é possível, mas é cada vez mais notório que o único que se está a esforçar pela Europa é Durão Barroso. Mas os poderes do Presidente da Comissão Europeia são fracos, caso não tenha a colaboração dos governos dos estados da UE. E como ele relembrava numa entrevista ao The Economist, o falhanço destas medidas na UE será a sua derrota pessoal, e o sucesso, não será a sua vitória mas sim a dos líderes dos 25.
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