sexta-feira, janeiro 06, 2006

Iberdrolas e afins

A recente polémica em torno da entrada da Iberdrola no capital da EDP, demonstra o tipo de prioridades que o país possui no momento.

O presidente subitamente acorda alarmado, já que os espanhóis ameaçam uma sector estratégico da nossa economia e a ilustre pátria insurge-se contra tão vis interesses do outro lado da península.

Em Portugal, o mercado da electricidade é dominado pela EDP. Este monopólio é o grande responsável pela escalada dos preços da electricidade nos últimos tempos. Que uma empresa de capital estrangeiro seja espanhol, italiano ou russo queira adquirir acções da empresa, a mim é indiferente. A nossa situação continua a ser de um monopólio. Enquanto que esta situação não se inverter, de modo a estabelecer uma mercado de livre concorrência, os portugueses contuinuarão a pagar mais por tão ilustres interesses patrióticos. Se patriotismo é ser conivente com uma empresa portuguesa possuir o monopólio de um negócio, fazendo o que bem entender com os preços, considerem-me um renegado da pátria. É verdade, a mim custa-me assistir a estes episódios, onde os portugueses não têm a liberdade de escolher a empresa que desejam e são obrigados a se submeterem a estas regras.

Era este o tema que deveria preocupar os políticos da actualidade, e não patriotismos completamente ridículos.

Todavia, agora discute-se o conceito de sectores estratégicos, nomeadamente empresas que se consideram ter um papel fundamental para o país e que por tal, devem estar nas mãos do estado. Eu não compreendo porque é que empresas importantes têm de estar nas mãos do estado... Será que ao passarem para os privados perdem importância, e deixam de fazer parte de um sector estratégico?
O estado é por natureza um mau investidor, e consequentemente um mau administrador. Assim, quanto menos empresas ao serviço do estado melhor. Isto explica-se admiravelmente olhando para a obra de Maquiavel. O homem não é naturalmente bom, e ao serviço do estado mantém toda a sua condição humana. A "acumulação" de funções nos governantes para dirigirem o país, pode conduzir a abusos de poder. Assim, o estado deve ver reduzida ao máximo as suas funções, pois o homem ao serviço do estado é bem mais capaz de coisas más (para seu benefício), do que boas como diz Maquiavel. É este legado que o liberalismo herdou, que mostra a razão do estado não ser um bom investidor. Na mesma linha de pensamento, mas num sentido mais prático, bastaria usar o argumento de acabar com as nomeações políticas para empresas, e a famosa dança de cadeiras.
Ao Estado deve apenas caber a função de regular o mercado, de modo a evitar monopólios em determinadas áreas. Porque deve ser dada ao cidadão a liberdade de escolher os serviços que deseja.

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