segunda-feira, janeiro 23, 2006

Presidenciais: The day after




Cavaco Silva foi eleito democraticamente Presidente da República pela maioria dos portugueses. A vitória foi clara, e não adianta estar com patetices de décimas, porque isso é simplesmente estupidez.

Juntamente com esta eleição, assistiu-se à última batalha de Mário Soares, um político que marcou a política portuguesa e internacional nas últimas décadas. Não foi um bom término, mas não acredito que seja lembrado apenas por esta derrota. Soares teve um papel importante história da democracia portuguesa, papel esse, que nem esta humilhante derrota lhe retira.

A esquerda conta agora com uma nova voz, uma nova força - Manuel Alegre. Mesmo não atingindo o seu objectivo de passar à segunda volta, consegue marcar terreno, factor importante para o seu posicionamento no interior do partido socialista.

Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã tiveram resultados opostos. O primeiro fez aquilo que lhe competia. Conseguiu estancar a fuga de votos do PCP, e conseguiu mantê-los na sua pessoa. Louçã teve uma enorme derrota, que não foi total pois teve três décimas acima dos 5%. A quebra nos número de votos e a eleição de Cavaco à primeira, fazem com que tenha tido uma noite amarga, que certamente não ficará por aqui. Louçã apercebe-se que a ideologia do Bloco não conseguiu atingir os eleitores sérios, servindo (mais uma vez) de escape eleitoral. Discussões no interior do partido aguardam-se mais cedo ou mais tarde.

José Sócrates, não tinha muito a perder nestas eleições e bem fez por isso. Sempre afirmei (embora muitos discordem de mim), que Sócrates desejava uma vitória de Cavaco à primeira. Todavia, não acredito que desejasse o lugar de Soares. A posição de Alegre coloca o PS numa situação séria, e cujo poder da esquerda retoma novo vigor. Porém, governo e PR têm caminho livre para uma relação estreita no que toca a governação do país.

Marques Mendes e o PSD tentaram agarrar alguns dos louros como era esperado. A intervenção precoce de Miguel Macedo revelaram que o PSD não iria deixar passar a oportunidade política de se afirmar como vencedor nestas eleições. Mas Marques Mendes não se deve sentir muito confortável. Mais cedo ou mais tarde terá que convocar eleições directas no partido, e sabe que não poderá contar com Cavaco no partido. O caminho está aberto para duras remodelações no partido.

Nota positiva para a sondagem da Católica, e nem comento o caso da Eurosondagem...

Depois ainda existem aqueles que têm muito mau perder, mas enfim...

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