quarta-feira, novembro 30, 2005

Pontos de Vista - Madeira: Qualidade da Democracia e Estilo da Governação




O conceito de qualidade é interessante. Num aspecto mais conceptual poderíamos defini-lo como um conjunto de características inerentes a algo. Num aspecto mais científico poderíamos considerá-lo semelhante à palavra “pureza”. Quando falamos em qualidade de democracia, geralmente referimo-nos se o sistema democrático vigente encontra-se ou não, dentro dos parâmetros estipulados ou idealizados pela corrente política, ou seja, o seu grau de pureza. A qualidade irá oscilar entre a fidelidade às bases teóricas do sistema, e as alterações existentes. Ao falarmos em democracia, referimo-nos a um sistema relativamente simples, em que as pessoas consideram que têm o direito de governar (a palavra democracia significa isso mesmo). Se nos basearmos neste ponto, diríamos que a qualidade de democracia será tanto maior, quanto mais eficaz for o método de governar. A maneira escolhida para exercer esse direito, é o voto. Assim, a expressão da democracia numa sociedade é dada pelo voto, ferramenta utilizada para que cada cidadão possa exprimir a sua opinião quanto ao rumo a seguir na política.

Obviamente cada cidadão não vota numa determinada medida, mas num conjunto de ideias e propostas suportadas geralmente por um determinado grupo de cidadãos com ideais comuns, a que se denominou partido político. Mas voltando ao tema em questão, em que é que esta reflexão pode ajudar a explicar a qualidade da democracia na Madeira? Em tudo. Enquanto não explicasse o que entendo e a maneira como avalio a qualidade da democracia, poderia estar a induzir em erro as pessoas que lêem este texto. Na Madeira, à semelhança do resto do país, as eleições realizam-se normalmente e de maneira perfeitamente livre e democrática. Pelo que me tenho apercebido, as pessoas exercem o seu direito na qualidade de cidadãos livres, conscientes e responsáveis pelos seus actos, contribuindo para efectuar as escolhas que julgam mais acertadas. A qualidade de democracia sob o meu ponto de vista, é apenas compreensível e analisável sob este prisma.

Mas existem aqueles que falam em graves falhas democráticas na Madeira, citando para tal a história política da região. Deixemo-nos de rodeios, a maioria dos ataques à falta de democracia baseia-se no método de governação, e na máquina partidária do PSD-Madeira. Eu não concordo com tal ideia. Não concordo, porque este tema refere-se não à qualidade da democracia, mas sim ao estilo de governação, a segunda parte deste texto. É preciso não misturar as coisas, embora elas estejam associadas como veremos a seguir.

Primeiro de tudo, é necessário verificar que estes 30 anos de governação conferiram à Madeira um facto pouco comum em Portugal: estabilidade. Aparentemente parece algo acessório e quase paradoxal, dada a animação que rodeia o governo e assembleia regional. Mas continua a ser um facto importante e a registar. Ao contrário de mudanças de bancadas, e consequentemente danças de cadeiras de empresas, de alteração de políticas e rumos, de adiamentos, cancelamentos e eu sei lá mais, na Madeira as sucessivas maiorias absolutas do PSD conferiram seriedade e confiança ao partido, pelo que a maioria das decisões foram tomadas de forma coordenada e coerente, pois existia a consciência que iriam continuar ali a construir o projecto que no momento iniciavam. Não digo que não houveram maus momentos, e episódios tristes. Todos eles existem, e quando não existem, é uma razão para desconfiar de que algo estranho se passa. A prova da eficácia governativa, está nas constantes reeleições do governo regional, personificado na figura carismática do Dr. Alberto João Jardim. Sejamos realistas, quer queiramos quer não, quer se goste quer não, este senhor é o grande responsável pelo crescimento socioeconómico da Madeira. A questão que se discute neste post, é a maneira como tal se fez, ou melhor o seu estilo de governação.

A política é constituída por uma complexa rede de conceitos, na qual um toma um particular relevo – a comunicação. É neste cerne, onde gravitam várias características do mundo da política, que podemos analisar o estilo de governação. Eu não creio que a prática governamental seja algo muito diferente dos restantes executivos, mas, a comunicação é sem dúvida um caso particular. É de todos conhecida a maneira simples, directa e muitas vezes politicamente incorrecta que fizeram AJJ um governante virado para o povo, em vez da classe política. Se me perguntarem a minha opinião pessoal, acho que por vezes AJJ excede-se nas suas declarações, mas não o ando a criticar por tudo quanto é sítio. É o seu estilo, como tenho o meu. Não me revejo em polémicas desnecessárias e tristes à sua volta. AJJ é uma personagem de flancos, capaz de suscitar as opiniões mais favoráveis, bem como o contrário. Assim, não é de surpreender que as suas afirmações sejam criteriosamente analisadas e que causem polémicas por todo o país. O que a mim me surpreende é que passados 30 anos, ainda haja pessoas que não compreendam o seu estilo, e que não percebam o que este quer dizer a maior parte das vezes. Sou um apologista da seriedade na política, mas não perceber que por vezes muito do que AJJ fala é num sentido irónico e não para levar à letra, só é próprio de quem possui um cinzentismo atroz.

Nota: Este post insere-se numa iniciativa conjunta entre este blog e o blog Filho do 25 de Abril. Para consultar o post com o mesmo tema no outro blog clique aqui.

terça-feira, novembro 29, 2005

Pontos de Vista - Madeira: Liberdade de Imprensa




Dos vários temas que serão objecto desta discussão, este é um dos que acho mais interessante. A escolha dos temas pressupõe obviamente que conseguimos distinguir dois lados onde podemos argumentar, ou seja, que este subtema aplicado no seu contexto possui uma vertente negativa e uma poistiva. Façamos um pequeno exercício de imaginação. Se estivéssemos à porta da sede do Bloco de Esquerda e colocássemos algumas questões aos políticos e funcionários que lá trabalham, envolvendo a existência de liberdade de imprensa na Madeira, as respostas seriam certamente interessantes e acho que não muito difíceis de antever. Cito o Bloco de Esquerda, pois é talvez o grupo que mais publicamente se afirmou sobre este tema, enumerando inúmeros casos de falta de liberdade de imprensa, principalmente na Madeira. Desde o controlo autoritário do governo regional, passando por jornais “especialmente concebidos” para propaganda, a afastamentos dúbios de directores, por outras palavras, um regime de censura próprio de um regime totalitário.

Embora este seja um tema interessante para mim, acho um tema bastante difícil de discutir. A liberdade de imprensa, quer queiramos quer não, é um tema complexo, e até de certa forma relativo. Torna-se difícil estabelecer uma escala ou um critério para avaliarmos a liberdade de imprensa, ou melhor torna-se difícil ser objectivo e realista em cada ponto que tentemos quantificar.

A liberdade de imprensa, surge associada ao regime político democrático e é actualmente salvaguardada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. A maioria dos países adoptou este princípio, condição absolutamente vital à sã convivência em sociedade, num ambiente de liberdade e tolerância. Os únicos casos de que lembro em que houve oposição foi na França, com o partido de extrema-direita liderado por Le Pen.

A questão que se coloca no âmbito deste tema, é se existem ou não pressões de personalidades não ligadas ao mundo jornalístico de modo a esconder ou a deturpar factos, de modo a manipular a verdade. Sou franco quando digo: Não sei. Posso mesmo dizer que quando ouço pessoas a afirmar que existe um perigosíssimo regime de pressões sobre inúmeros jornais para que (não) se publiquem determinadas notícias, fico perplexo. Parto do princípio que tais pessoas possuem provas de tais factos, e como cidadãos têm o dever de denunciar, não à comunicação social, mas às devidas instâncias esses actos. Da mesma forma, fico espantado quando deparo-me com pessoas que juram por todos os ossos que têm no corpo que a Madeira é uma ilha livre, onde todos fazem o que bem lhes apetece, sendo apenas reprimida por interesses corporativistas continentais. Tenhamos calma e ponderemos as nossas palavras, já que o assunto é sério, e constitui um pilar fulcral numa sociedade como a nossa. É por isto que acho o conceito de liberdade de imprensa tão interessante e importante, mas extremamente difícil de compreender e analisá-lo o mais realisticamente possível. Quando o Dr. Alberto João Jardim na qualidade de cidadão madeirense refere que detesta o Diário de Notícias da Madeira, chegando a referi-lo como um “pasquim de esquerda” será que é censura? É que se tomamos este raciocínio, chegamos ao ponto de se estar a cometer censura, à opinião de censura que cada cidadão livre tem! Temos que distinguir as coisas! (Atenção que falo de opinião de censura no sentido de discordância apenas.) Todavia acho interessante que o jornal diário mais criticado, seja o mais vendido por toda a ilha. Não creio, e acho insensato retirarmos conclusões a partir deste facto, apenas o cito porque acho um detalhe interessante.
A liberdade de imprensa é um bem da sociedade, que todos concordamos que deve existir. É um exemplo de unidade na diversidade, um exemplo do pluralismo de opiniões, um exemplo da diversidade de culturas que constituem a nossa sociedade. Todavia somos humanos, e como tal, estamos longe de sermos perfeitos. Temos que compreender que não existem sociedades perfeitas, repletas de liberdade e tolerância. Todavia, este princípio é um bom começo para a construção desse tipo de sociedade.

Não entrei, nem entrarei em exemplos de uma ampla/restritiva liberdade de imprensa na Madeira, pois acho que o correcto dever de um cidadão não passa por aí, como já afirmei. Termino relembrando que ainda vivemos numa democracia, e como tal a liberdade de imprensa é um direito consagrado no nosso sistema político, e todo aquele que corrompe este bem da sociedade não é digno de se considerar um cidadão pertencente a um estado democrático e livre.

Viva a liberdade!


Nota: Este post insere-se numa iniciativa conjunta entre este blog e o blog Filho do 25 de Abril. Para consultar o post com o mesmo tema no outro blog clique aqui.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Pontos de Vista - Madeira: Desenvolvimento Socioeconómico




A publicação dos Índices de crescimento económico no nosso país, demonstraram uma situação absolutamente díspar ao nível das diversas regiões do nosso país. A região mais rica continua a ser Lisboa, seguida da Madeira. As regiões mais pobres são as do Norte do país e os Açores.

O crescimento de Lisboa, é facilmente perceptível pela quantidade de investimento em infra-estruturas, bem como na localização de inúmeras sedes empresariais, para além da elevada densidade populacional. É também em Lisboa que o poder político é mais forte, sendo este um grande promotor de desenvolvimento. É neste ponto, que encontramos similitudes com o crescimento económico na Madeira. Nesta região, o poder político é extremamente forte, e um grande impulsionador do desenvolvimento socioeconómico. Obviamente, um crescimento não se revela apenas na capacidade de um executivo em investir utilizando fundos públicos, seja em Lisboa seja na Madeira, mas principalmente na capacidade de criar condições para o estabelecimento de empresas, e de captação de investimento. Esta capacidade tem sido uma prioridade dos responsáveis pelo desenvolvimento económico da região.

Ao contrário de várias regiões, e até mesmo de vários governos, o modelo de desenvolvimento da Madeira não primou pelo centralismo. Muito pelo contrário. O Funchal, um pólo administrativo, cultural e económico por excelência, não foi das regiões com mais investimento público nos últimos anos. Acho que a razão é fácil de perceber, quando se compreende que é um dever de qualquer governo estabelecer condições para o investimento e regular o comércio e economia na globalidade das regiões, nunca interferindo demasiado. O Funchal, ao possuir as condições necessárias para tal crescimento, apenas necessitou de aperfeiçoar as características já existentes de modo a que com o tempo fosse conseguindo captar inúmeros investimentos, gerando riqueza. Assim, o investimento público foi realizado em regiões mais pobres, que necessitavam de vias de comunicação, espaços para comércio, melhoramento de infra-estruturas de lazer, de comércio construídas em grande parte, em prol do turismo.

Em pouco tempo, o centralismo que residia no Funchal atenuou-se e diversos serviços expandiram-se um pouco por toda a região, resultando em benefícios tanto para o Funchal como para as restantes regiões. A aposta na qualidade dos serviços prestados, condição fundamental para manter o fluxo de turismo (responsável por cerca de 30% do PIB da Madeira) é uma prioridade no momento. A construção de diversas sociedades de desenvolvimento um pouco por toda a ilha, facilitam a fixação de tecido empresarial e indústrias. Para além destas medidas, salienta-se a construção do Aeroporto da Madeira, financiado em grande parte pela UE, e o aproveitamento de fundos europeus, condições absolutamente vitais para que em 20 anos, uma das regiões mais pobres do país se tornasse das mais prósperas, e constituísse indubitavelmente um pólo de referência ao nível económico.

Obviamente que numa sociedade e economia mais globalizadas, as regiões ultra-periféricas tendem a ser as mais afectadas. Todavia, a solução não passa por um estabelecimento de um estatuto proteccionista às empresas, mas uma aposta na qualidade e na requalificação de serviços prestados. Só desta maneira, pode-se garantir um crescimento económico sustentado, assegurando ao mesmo tempo um elevado índice de qualidade de vida e de coesão social.

Nota: Este post insere-se numa iniciativa conjunta entre este blog e o blog Filho do 25 de Abril. Para consultar o post com o mesmo tema no outro blog clique aqui.

domingo, novembro 27, 2005

Pontos de Vista - Madeira: Apresentação




Amanhã tem início uma inciativa, que tem pelo nome Pontos de Vista - Madeira. O Ricardo, autor do blog Filho do 25 de Abril, foi o autor desta ideia de se debater durante uma semana um determinado tema, escolhido por nós previamente. Devo dizer que gostei, e aceitei de bom grado tomar parte desta inciativa.

O tema escolhido foi a Madeira. Provavelmente, e se tudo correr bem, outros temas se seguirão, quem sabe até com mais participantes. O objectivo é suscitar um debate interessante e apelativo, contando também com a colaboração dos leitores dos nossos blogs.

As regras são simples. De segunda a sexta vão ser publicados diariamente textos sobre um sub-tema previamente escolhido por mim e pelo Ricardo, enquadrado no tema geral Madeira. Nem eu nem o Ricardo temos acesso aos textos da outra pessoa e vamos lê-los ao mesmo tempo que os leitores dos blogs. Espera-se que seja interessante o confronto de pontos de vista. Obviamente que os temas podem fazer com que os textos derivem para vários rumos mas vai ficar bem vincada a perspectiva de cada um (até podem ser coincidentes). Após os dois textos estarem publicados colocarei ligações no meu texto ao texto com o mesmo tema no Filho do 25 de Abril.

Vamos a isto!

As inquietações de Jerónimo






Nada mau, Jerónimo de Sousa começa a compreender a ideia geral. Todavia precisa de melhorar detalhes de discurso, principalmente evitar o tom apocalíptico com que anuncia a maioria destas medidas. Convém também limar algumas arestas, como "despedimentos selvagens". A expressão correcta é flexibilização do mercado laboral, de modo a que seja mais fácil despedir, mas mais importante do que isso, mais fácil empregar!

sábado, novembro 26, 2005

To be Portuguese...

Ricardo Costa, no DE:


(...)

Os professores de Harvard vão ficar espantados quando conversarem com José Sócrates, Mariano Gago e Manuel Pinho. No fundo vão ver o que o José Tavares viu. E não vão gostar. Ou, pelo menos, vão perceber que se arriscam a vir perder tempo a Portugal. Vão ver um País com vários exemplos extraordinários de aplicações tecnológicas (via verde, Multibanco, utilização de telemóveis, penetração do Cabo, etc.) e vão perceber que quase todos estes exemplos partiram de empresas privadas. Vão, depois, perceber que muitas destas aplicações foram feitas em parceria com Universidades públicas. Mas também vão ver que a maior parte do Estado está um pouco a leste da tecnologia, que não facilita a sua utilização e que, acima de tudo, não faz o ‘road map’ para que isso passe a ser uma prioridade do País. E essa era a ideia do Plano Tecnológico.


No fundo o problema deste e de outros planos é sempre o mesmo: Organização e Coordenação.

Lembro-me que há algum tempo, um colega meu que foi a Bruxelas contou-me que lá vendiam t-shirts UE, isto é cada t-shirt tinha uma característica particular de cada país da UE. A correspondente a Portugal era mais ou menos assim:




To be organized, as a Portuguese...

Memória

Termina hoje mais um blog.

Um blog pertencente a uma ideologia distinta da deste.

Um blog que sempre nos habituou a textos de qualidade e participou em debates sérios e amigáveis.

Aguardamos pelo regresso dos seus contribuidores.



Já está na categoria Memória: BdE - Blogue de Esquerda (II)

quinta-feira, novembro 24, 2005

Um destaque liberal

Depois da estadia no Blasfémias, eis o tão aguardado regresso (a solo) do Rodrigo Adão da Fonseca, mais conhecido simplesmente por RAF.

Blue Lounge, é o blog a seguir com atenção.

O Liberalismo e o Bloco

Leitura recomendada:

Bloco de Esquerda: liberal nos costumes?


Nota: Acho que é o primeiro link que faço a um post do João Miranda. Em vez de falar sobre o porquê de não ter feito um link para os 463 posts que precederam este, prefiro dizer porque decidi fazer este link:

Muito simplesmente gostei da estrutura do post e ainda mais do seu conteúdo, já que desmistifica a ideia completamente surreal de semelhanças entre o Bloco de Esquerda e o Liberalismo.


P.S. O número 463 é fictício. Como é óbvio não tenho nem tempo nem paciência, para andar a contar o número de posts, ao contrário de certos e determinados blogs.

A visitar...

Rui Albuquerque, ex-Blasfemo, inaugurou um novo espaço. Chama-se Portugal Contemporâneo, e bem merece uma visita.

Quem diz uma, diz várias...

Primeiras Impressões




José Medeiros Ferreira escreve no seu blog, que sempre apreciou o economista Miguel Cadilhe:



Como pessoa optimista e de fé no ser humano, enfim, pensei que o homem tinha adquirido finalmente bom-senso e sentido de realidade, ou pelo menos para lá caminhava... Qual não é o meu espanto quando deparo com esta notícia no Portugal Diário:

Na sua primeira grande entrevista em anos, Miguel Cadilhe diz não ter a certeza de que Cavaco ganhe as presidenciais, até porque a aritmética mostra que será a esquerda a vencer, e não é brando quando fala do ex-primeiro-ministro e actual candidato presidencial: «É como um eucalipto, provoca aridez à sua volta».

Pronto, está visto que preciso de ter mais cuidado com primeiras impressões... Caso tenha tempo, voltarei à entrevista de Miguel Cadilhe para fazer algumas observações.

quarta-feira, novembro 23, 2005

"Seeing Europe the right way up"














OTAs linguagens...

Teixeira dos Santos, a propósito do Aeroporto da Ota:



Isto poderia-se traduzir para português corrente como:


As coisas agora estão péssimas. De momento só temos olhos para o défice, e em Bruxelas já nos andam a chatear a cabeça por causa disso. Em princípio esta crise deve-se resolver em pouco tempo, pelo menos é o que o Almunia acha. Com sorte (e os dedos cruzados), quando o aeroporto começar a ser construído já não devemos estar tão mal quanto isso. Já diz o velho ditado, quem arrisca não petisca...

terça-feira, novembro 22, 2005

Aniversário na Blogosfera

Embora não partilhando de diversas opiniões, sobre vários temas com o Causa-Nossa, este blog merece um olhar atento. Faz hoje dois anos de existência, os meus parabéns!

Coisas da Moda...

Contar o número de posts sobre cada candidato presidencial.


P.S. Pensei dar a este post, o seguinte título: "Coisas que levam muito tempo a fazer, e para as quais não tenho paciência". Todavia, aparecebi-me que este era um título muito pouco elegante, já que possuia mais palavras no título do que no post... Onde será que eu aprendo estas coisas?? Serão influências da minha cara Miss Pearls?

Sacrifícios Políticos



António Borges no Diário Económico:



Os sacrifícos políticos são dos episódios mais lamentáveis que podem existir na esfera governativa. Poderão ser necessários, e por vezes justificáveis, mas continuam a ser algo lamentável. Quando o perfil político não é capaz de sustentar o perfil técnico e profissional, ocorrem estes aniquilamentos. Alguns mais visíveis, outros mais mediáticos e alguns passam despercebidos. A raíz do problema mantém-se, o background político da maioria dos líderes vistos como "fortes", está completamente dissociado das suas capacidades profissionais e técnicas. O perfil de um político não pode, nem deve apenas conter uma alma política, mas também um corpo rigoroso, técnico e profissional. Ambos são vitais para o bom desempenho de funções.

segunda-feira, novembro 21, 2005

A conversão de Freitas do Amaral


«Só um milagre permitirá chegar a acordo em Dezembro»

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, disse hoje em Bruxelas que «só um milagre» permitirá aos 25 chegarem a acordo sobre o próximo quadro orçamental, responsabilizando a presidência britânica da União Europeia pelo insucesso das negociações.

Eu bem tentei arranjar alguma informação sobre medidas que a presidência britânica tenha implementado nestes 5 meses, mas a busca foi infrutífera. A falta de informação é estonteante... O melhor mesmo é seguir o exemplo de Freitas do Amaral e pedir um milagre.

domingo, novembro 20, 2005

Leitura Recomendada 2



António Barreto hoje no Público.

A lucidez e o realismo da sua crónica, até me causaram arrepios...

Leitura Recomendada

Henrique Raposo, n' O Acidental:

Não há gays ou a brigada das bolinhas de algodão:



(...)

Education

What is education? Properly speaking, there is no such thing as education. Education is simply the soul of a society as it passes from one generation to another. Whatever the soul is like, it will have to be passed on somehow, consciously or unconsciously, and that transition may be called education. ... What we need is to have a culture before we hand it down. In other words, it is a truth, however sad and strange, that we cannot give what we have not got, and cannot teach to other people what we do not know ourselves.

G. K. Chesterton

Nº1 na Europa

sábado, novembro 19, 2005

Gostos não se discutem!



Escreve o Pedro Picoito no Pulo do Lobo:

O nosso coblogger JCD publicou aqui as declarações de voto de dois conhecidos liberais da blogosfera, o Miguel Noronha e o Rodrigo Adão da Fonseca. Li-as, gostei e parece não fui o único. Confesso, porém, que me custa um pouco entender certos problemas de consciência em votar Cavaco Silva.
Os liberais dizem que o homem não é um deles, já sei. E não será.
Mas não votar Cavaco por não ser um liberal é como não jantar com a Salma Hayek porque nunca leu Dostoievsky. Se calhar até leu.
Ou porque ela não sabe cozinhar. Who cares?
Ou porque se prefere jantar com Soares, Alegre, Jerónimo, Louçã...
E se estão à espera de uma fotografia da senhora, então vão ter com eles, os liberais.
Eu cá sou um conservador. Comigo, só Cavaco e a Sofia Loren.

Depois da intensa campanha que a blogosfera liberal empreendeu para divulgar Hayek (ver exemplos aqui, aqui e aqui) é compreensível este tipo de opiniões. Meu caro Pedro, já diz o velho ditado que gostos não se discutem, mas permita-me abrir neste caso uma excepção.

Mas não votar Cavaco por não ser um liberal é como não jantar com a Salma Hayek porque nunca leu Dostoievsky.

A questão é que Salma Hayek já tem algo em comum com o liberalismo, mesmo que não tenha lido Dostoievsky. Cavaco, não tem...

Uma questão de liberdade

O acontecimento do liceu de Gaia já fez correr muita tinta e "clics", pelos diversos meios informativos. Confesso que não esperava tal cenário. Tal como José António Saraiva escreve no editorial do Expresso, também eu pensei que a notícia se tinha espalhado por falta de informação sobre outros temas. Todavia, o episódio sofreu um aumento de amplitude, em grande parte devido à crónica de Miguel Sousa Tavares publicada no Público de ontem.

A crónica apresenta inúmeras contradições entre aquilo que MST apresenta como suas convicções, e depois aquilo que idealiza para a sociedade, mas não é sobre isso que quero falar. Acho que a principal razão daquela crónica ser escusada, é que estamos a falar de pessoas com 17 e 19 anos, e por isso conscientes e responsáveis pelas suas acções. Uma coisa é não achar correcto aquilo que alguém faz, outra completamente distinta é tentar proibi-la de o fazer, na qualidade de cidadão de direitos e deveres idênticos ao de outros cidadãos.

Ainda nesta problemática, têm sido veiculadas opiniões que não concordo, nem revejo a minha ideologia - o liberalismo. É preciso dizer que este acontecimento tentou servir de trampolim para diversos sectores da sociedade se revoltarem contra aquilo que dizem ser ideais e correntes retrógradas, e que deveriam ser abolidas e eliminadas da nossa sociedade, usando para tal o argumento do liberalismo. O liberalismo não está ao serviço de qualquer moral. O liberalismo promove a liberdade de todos os cidadãos, de modo a que se construa e se conviva de maneira livre com o próximo.

A propósito deste tema o André Abrantes Amaral escreveu este post em Julho (Via Aforismos e Afins):

Sempre que se fala de liberalismo, de se ser liberal, vem à conversa a moral. A teoria resume-se a uma ideia muito simples: Se alguém é liberal na economia e na política, deverá sê-lo também em matérias morais. É claro que este raciocínio comum está errado. Um liberal é a favor da liberdade, mas de uma liberdade que não prejudique terceiros. Na minha forma de ver, é nesta perspectiva que qualquer discussão sobre os ‘costumes’, sobre o que é moralmente aceite, o que deve e não dever ser permitido, pode ser feita. O problema, muitas vezes, está na politização destes assuntos que, antes de serem políticos, são humanos.

Tomemos a título de exemplo o direito ao casamento dos homossexuais. É partindo daquele pressuposto que sou favorável ao casamento (numa definição jurídica diferente da que existe para o casamento de casais heterossexuais) de casais homossexuais. O assumir de qualquer responsabilidade que decorra da legalização da relação entre dois seres humanos, não diz respeito, nem interfere com mais ninguém. O mesmo já não sucede com a adopção de crianças por parte desses mesmos casais homossexuais, na medida em que, ao permiti-lo, estaríamos a marcar o futuro de uma pessoa.

As ditas questões morais são várias. A legalização do aborto, do consumo de drogas, da eutanásia e até mesmo do suicídio. A primeira é, de todas, a mais complexa. Por princípio apenas posso ser contra. Existem, no entanto, algumas vezes em que, creio, a solução que é o abortar pode ser aceite. São sempre situações muito concretas que nenhuma lei geral e abstracta pode prever. Esta apenas poderá antever a possibilidade de, em certos casos, o juiz ter poderes para julgar de uma forma equitativa.

De qualquer forma, o ser-se liberal em assuntos morais pouco tem que ver com o liberalismo. Não sou mais nem menos liberal que outros, apenas por ter as opiniões que tenho. Se assim fosse, Francisco Louçã seria um liberal em potência, o que todos sabemos não ser verdade. De resto, o liberalismo, para incredulidade de muitos, assenta bem mais nos valores que qualquer outra teoria ou regime dito conservador e, porque não, socialista.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Presidenciais no Ecrã

O Modelo Social Europeu




Vital Moreira na sua crónica semanal do Público, fala-nos do modelo social europeu, ou melhor, tenta convencer que este modelo ainda é necessário à Europa, e apenas necessita de uns retoques. No seu artigo, cita a Espanha e a Escandinávia como exemplos de desenvolvimento através de um modelo modelo social. Tenho pena que Vital Moreira não tenha comparecido ao Noites à Direita (pelo menos eu não o vi....), pois esta questão foi explicada admiravelmente pelo Prof. António Borges. O modelo sueco, por ex., é um modelo eficaz em que o estado tem de facto um grande abrangência na sociedade, mas produz e disponibiliza serviços públicos de grande qualidade e de grande eficácia, conciliando este sistema com a captação de investimento externo. Isto não é o modelo social europeu. Isto está muito longe de ser o modelo social europeu.

Jack Straw, Ministro dos Negócios Estrangeiros Britânico, esteve esta semana no Parlamento Europeu onde explicou com a sua habitual frontalidade o problema e a solução deste modelo para a Europa, desferindo um fortíssimo ataque ao sistema françês.

The British foreign secretary, Jack Straw, made a blistering attack on the French economic and social model Wednesday and accused Paris of failing to enforce the EU work rules it had fought for.

Speaking in the European Parliament, Straw responded to a French deputy who had criticized the British liberal approach to globalization and lamented the lack of harmonization of social standards in Europe.

"Globalization is a fact of life. The French, my comrade friend, may not like it, but we either have to deal with it or it will engulf us all," Straw said. "The old economic and social model of Europe won't work to deliver prosperity, social justice and jobs in the way it used to. And it's a big challenge, especially, if I may say so, for the country you represent and others on the Continent."

Straw said he would not accept lectures from France, which did not, he said, enforce the European laws it had fought for. "Rigid pan-European working limits on hours will not deliver health and safety for our work force, particularly where the rules are unevenly applied," he said.


Aproximando-se a hora crucial das discussões sobre o Orçamento, a presidência britânica tem a oportunidade de imprimir um novo rumo a esta Europa. E era precisamente nesta altura que gostaria de ver Nicolas Sarkozy na presidência francesa, em vez de Chirac e a sua obstinação pela PAC.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Leitura Recomendada

Tiago Mendes, no Diário Económico:

Serão as sondagens um reflexo da opinião pública, ou será a opinião pública um reflexo das sondagens? Provavelmente, ambas.

As sondagens são, por definição, um retrato da opinião pública no momento em que são realizadas. Mas a informação nelas contida pode levar à alteração de intenções de voto previamente declaradas. Isto faz com que também a opinião pública seja um reflexo das sondagens. A interdependência entre as duas reflecte a dimensão estratégica do acto de votar. Se o debate político é crucial na definição das “preferências” dos eleitores – nomeadamente do seu candidato preferido – estas não são suficientes para prever as suas “escolhas”, por duas razões: um eleitor pode não ir às urnas; e um eleitor pode votar noutro candidato que não o seu favorito. Quer a decisão de abstenção quer a decisão de votar “útil” poderão depender das expectativas quanto às intenções de voto do restante eleitorado, as quais serão em parte baseadas na informação veiculada pelas sondagens.

Curto-circuito

Grande noite à direita



Foi numa magnífica sala, na Sociedade de Geografia, que decorreu mais um encontro Noites à Direita: Projecto Liberal. Pela primeira vez pude assistir a este evento. António Borges e Daniel Bessa discursaram e cativaram a plateia, falando sobre economia e vários temas relacionados com esta. Falou-se muito em liberalismo e em modelos concretos liberais aplicados à nossa sociedade. Discutiu-se investimento, e maneiras de o cativar. Comparou-se vários modelos económicos de vários países, e analisou-se a situação portuguesa no respectivo contexto socioeconómico. No meio de tudo isto e muito mais, ainda houve tempo para falar em valores e definir princípios vitais para o estabelecimento de uma sociedade que propicie um maior investimento, e consequentemente um maior crescimento económico.

Os meus parabéns aos promotores da inicativa.

quarta-feira, novembro 16, 2005

Redução ou Reorganização?




Um dos maiores problemas que atinge o Sistema Nacional de Saúde, não é a falta de médicos e de outros profissionais de saúde, como habitualmente se pensa, mas a péssima organização e distribuição pelas unidades de saúde do país destes funcionários. O Hospital de Santa Maria é um perfeito exemplo disso. Neste hospital, é capaz de haver em determinadas áreas uma percentagem de recursos humanos excedentária (não em todos os serviços), que poderiam ser deslocados para outras unidades hospitalares da área de Lisboa. Poupava-se certamente em eficácia e em qualidade do serviço prestado. A reorganização não implica a redução, pelo menos de maneira automática.

Relacionado com esta tema da falta de médicos, escrevi também este post.

terça-feira, novembro 15, 2005

Noites à Direita





António Borges e Daniel Bessa são os convidados principais de mais uma sessão das Noites à Direita - Projecto Liberal, com a moderação de António Pires de Lima.

É amanhã pelas 20h30, na Sociedade de Geografia, junto ao Coliseu de Lisboa.

Não há festa nem festança, onde não vá a Constança

Mário Soares queria falar do passado, a Constança queria respostas para o futuro.

A Constança queria explicações para o passado, Cavaco queria mostrar os seus projectos para o futuro.

segunda-feira, novembro 14, 2005

Razões para um liberal votar Cavaco Silva



Escreve o Miguel Noronha, através do Pulo do Lobo:

Porque pode um liberal votar em Cavaco Silva? Porque foi com os seus governos que deixamos de ser um Estado falhado. Porque graças às suas maiorias foi possível expurgar da Constituição grande parte do programa socialista, imposto no PREC, que pretendia fazer de Portugal o que Chavez está a fazer da Venezuela. Porque os outros candidatos ainda não se libertaram (e inclusivamente orgulham-se) das perigosas utopias socialistas que são a causa do nosso atraso. Porque é o único candidato que não pensa que a globalização deve ser controlada ou revertida. Porque Saramago, o amigo do ditador cubano, já anunciou que, se ele for eleito, deixará de comparecer em eventos oficiais. Porque é o único candidato que não corteja a extrema-esquerda. Porque prefere os empresários aos “resistentes anti-fascistas”. Porque não é nem nunca foi comunista. Porque prefere a Revolução Americana à Revolução Francesa. Porque é anglofilo e não francófilo. Porque não pretende “dialogar” com os islamo-fascistas. Porque não se envergonha da Civilização Ocidental. Porque não dirá inanidades como “há mais vida para além do défice” nem inventará prioridades nacionais diariamente. Porque com a sua derrota, há dez anos, foi eleito o pior PR desde Costa Gomes – é um erro que não devemos repetir.



Não tão recente mas sobre o mesmo tema, relembro este post do Rodrigo Adão da Fonseca intitulado: "O melhor é mesmo tapar o nariz, fechar os olhos e votar no homem logo na 1.ª volta"

(...) Esta é talvez a única lição que retiro da Esquerda; na hora da verdade, importa saber ir a jogo, contando com quem lá está. E uma coisa é certa: Cavaco Silva é de longe o candidato que melhor garante a independência e o equilíbrio de poderes no actual momento político. E isto é, no fundo, aquilo que neste momento está em jogo.


Será que todos os liberais se vêm nestes pontos? Obviamente que não, não estejamos com ilusões. Pacheco Pereira referia à tempos que o único eleitorado órfão nestas eleições era o liberalismo, e com razões para justificar tal posição. De relembrar que José Pacheco Pereira faz parte do Pulo do Lobo, e apoia a candidatura de Cavaco Silva, um homem pertencente à social democracia. Todavia, é preciso compreender que Cavaco soube ler os sinais da actual situação política e adaptar as suas ideologias, de modo a se tornar o candidato que reúne as melhores condições para ser Presidente. Poderia estar melhor? Talvez. Mas na situação sócioeconómica em que estamos (e também com os restantes candidatos presidenciais...), não nos podemos dar ao luxo de termos candidatos perfeitos. Como diz o meu caro colega RAF, é fechar os olhos e votar no homem logo na 1.ª volta. (Eu votaria com os olhos abertos, just in case...)

Lamentável

É o que tenho a dizer deste post de Joana Amaral Dias.


Pacheco Pereira é que não omitiu os seus pensamentos a propósito deste mesmo post:


É muito triste contemplar o rumo que certos políticos dão às suas campanhas.

Le Pen



"In the past 15 days," Le Pen said late last week, "our party has acquired several thousand new members. We've received thousands of emails, faxes and letters from people who say, 'At last we have understood. You were right, Monsieur Le Pen. They said you were an extremist, but you were a visionary. You predicted everything'."

For decades, the bogeyman of French politics has been predicting that France will be submerged under an avalanche of Muslim immigration and lose its identity and freedom unless it fights back.

Le Pen's solutions to the riots are uncompromising: an immediate halt to immigration, the expulsion of all those immigrants without French citizenship and a "Frenchness test" for the others who want to stay on.

At 77, he will not have many more chances to run for president, but he won 5million votes in 2002 and expects to get into the second round again in 2007.

"I have great hopes," he said, before returning to his telescope to scan the city below. "Change is coming."

domingo, novembro 13, 2005

Esquerdização

O meu colega Tiago Mendes reflecte num post extremamente interessante, sobre a "esquerdização" que alguns sofrem com a idade. Escreve ele:




"Não digo que a tal "esquerdização" seja consciente."

A questão que levantas é deveras interessante. A idade, ou melhor as experiências adquiridas ao longo da existência humana, que papel possuem na modelação das convicções socio-políticas e em que estádio é que ocorrem. Não vou entrar no tema, bem complexo por sinal, mas apenas referir que achei sugestiva a frase que acima refiro.

Ao não invalidares a hipótese, sugeres que a "esquerdização" não é apenas um acto consciente, leva-nos a pensar que a sociedade actual encara inconscientemente o tabu da morte como algo que deverá tender a ser igualitário, pelo próprio facto de constituir um tabu. Mas será esta uma posição resultante de uma "esquerdização", ou mais de uma reflexão interior do rumo da nossa existência, e de toda a sociedade à nossa semelhança? As alterações poderão aparentar ter um reflexo político, mas originam-se num prisma interior e privado, acoplado sem dúvida à religião. Até que ponto podemos classificar este fim como político, se são usados os meios pessoais, tendo em vista uma meta interior e "in"consciente?

Equality

"Democracy and socialism have nothing in common but one word: equality. But notice the difference: while democracy seeks equality in liberty, socialism seeks equality in restraint and servitude."

Alexis de Tocqueville


"A society that puts equality—in the sense of equality of outcome—ahead of freedom will end up with neither equality nor freedom. The use of force to achieve equality will destroy freedom, and the force, introduced for good purposes, will end up in the hands of people who use it to promote their own interests."

Milton Friedman


Bonitas e importantes citações, lembradas pelo Cláudio Tellez e Dos Santos.

sábado, novembro 12, 2005

Ota fans!



Eles estão aí!

sexta-feira, novembro 11, 2005

Censura nos blogs?

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Lei n.º 53/2005
de 8 de Novembro

Cria a ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social,
extinguindo a Alta Autoridade para a Comunicação Social

Artigo 6.º
Âmbito de intervenção
Estão sujeitas à supervisão e intervenção do conselho regulador todas as entidades que, sob jurisdição do Estado Português, prossigam actividades de comunicação social, designadamente:

a) As agências noticiosas;
...
e) As pessoas singulares ou colectivas que disponibilizem regularmente ao público, através de redes de comunicações electrónicas, conteúdos submetidos a tratamento editorial e organizados como um todo coerente.

[Via Blasfémias]

Desta forma, venho por este meio informar que a Linha Editorial deste blog, está perfeitamente incluída neste post do Tiago Mendes.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Lobo com pele de cordeiro



O número de blogs de apoio e de não apoio, crescem a uma velocidade estonteante. Depois de ontem ter surgido o Pulo do Lobo, hoje surge o Lobo com pele de cordeiro. É a hora dos lobos...

Porque será?

Eu ultimamente ando a evitar o Causa Nossa... Posso dizer que esta fobia inicou-se depois de ler isto.

Serviço Público

Este blog informa que está em curso um estudo sobre os públicos portugueses de blogues. Pode participar, respondendo a este inquérito.

O blog do meu vizinho, é sempre melhor que o meu...

No decurso de um post alusivo ao lançamento do livro "Escola Austríaca - Mercado e Criatividade Empresarial", a decorrer na Universidade Católica no dia 22 de Novembro, o Gabriel Silva e o João Caetano Dias, empreenderam uma fantástica "adaptação" de ditados e provérbios populares, na respectiva caixa de comentários do post. Não resisti em compilá-los:


A post roubado não se olha ao enter.

Quem vai à bica, perde o post.

Os bons posts fazem os amigos.

Cá se postam, cá se pagam.

Os posts iludem.

Os posts são como as cerejas, vêm uns atrás dos outros.

Os posts e os amores, os primeiros são os melhores.

Posta melhor quem posta por último.

Amigos, amigos, posts à parte.

Deixem-me postar. (Ditado cavaquista)

Nunca comento e raramente posto. (outro)

Postar é fixe.

Quem tem CPU tem blogue.

Mais vale um post na mão, do que dois drafts a voar.

Malha no post enquanto está quente.

Mãos quentes, postes ausentes.

Muito postar, pouco acertar.

O primeiro post é para os pardais.

O post a seu dono.

O post perdido nunca se recupera.

Post por post, blog por blog.

Os posts são para as ocasiões.

Os homens não se medem aos posts.

Posts não pagam dívidas.

Há posts que vêm por bem.

De bons posts está o blog cheio.

Postando se vai ao longe.

Quem posta por gosto, não se cansa.

quarta-feira, novembro 09, 2005

Cavaco no Citroën a caminho de Belém



Finalmente, o blog de apoio à candidatura do Prof. Cavaco Silva à Presidência da República. Os seus autores são nomes conhecidos da blogosfera, que pelo menos têm uma coisa em comum:

As pessoas que escrevem neste blogue querem que Cavaco Silva vença as próximas eleições presidenciais. Não sei se partilham outras convicções para além dessa. Umas provavelmente sim, outras provavelmente não. O objectivo de ver Cavaco Silva como Presidente chegou e sobrou para que nos reuníssemos livremente e fizéssemos este blogue.

Que se inicie a disputa pelo número de referências a Cavaco Silva, entre o Super-Mário e o Pulo do Lobo!

Algumas vezes, o melhor é estar calado... (Ou mesmo muitas vezes!)



Jerónimo de Sousa: "Entregar as empresas ao mercado é encher a barriga aos capitalistas. Já não há pachorra para essa".


Sinceramente, não há pachorra é para aturar comunistas com crises crónicas de competitividade e de proteccionismo estatal. Se o camarada Jerónimo estivesse em casa a construir cartazes contra as nomeações políticas (partidárias) para empresas do Estado, o tempo seria bem mais útil, e com sorte perceberia pelo menos um dos vários pontos positivos da medida...

Ele está de volta...




ao parlamento, para discutir o OE 2006. Esta é uma boa altura para esclarecer algumas despesas, e também algumas receitas...

terça-feira, novembro 08, 2005

Este blog está a tornar-se capitalista...


My blog is worth $15,242.58.
How much is your blog worth?

Artigo recomendado



With every night of violent rioting that scars France‘s rundown suburbs, more and more French say their distinctive model of integration, based on the revolutionary ideal of equality for all, has failed.

But President Jacques Chirac and his conservative allies are unlikely to join the critics, as that would mean accepting the approach France considers superior is no better than integration policies abroad.

Interior Minister Nicolas Sarkozy is the only top politician saying France‘s "republican model" falls short and that the U.S. or British "melting pot" approach could help break the cycle of minority exclusion, unemployment and revolt.

This desire to change the system lies at the heart of his rivalry with Prime Minister Dominique de Villepin, who defends the supposedly color-blind French model against the racial quotas and help for Muslim groups that Sarkozy advocates.


(...)

When Sarkozy says the best social system is the one that produces jobs and that the French model is not doing that, his comments are met not with approval but retorts that the French model is fine and needs only to be better applied.

Feed-back

Foram vários os temas abordados, que gostaria de discutir neste blog. Assim que possa, elaborarei alguns posts sobre algumas das temáticas discutidas.

Momento Zen da noite IV

Prof. Barata Moura a fugir à questão de Fátima Campos Ferreira, se a sua visão social seria Marxista...

António Pinto Leite

Esteve bem, e foi o iniciador do conflito "Estado Social". Defendeu uma mudança de fundo na Europa Social, um tema que já discuti em vários posts, justificando que o actual modelo não se consegue suster. Embora não empregando a palavra liberalismo, a ideia geral ficou.

O seu colega de mesa, usando de artefactos retóricos, consegue passar a ideia que a solução apontada por Pinto Leite é antiga, ineficaz, usada e ultrapassada. Foi nesta altura que reparei nos olhares da produção centrarem-se nas minhas costas, quase como adivinhando que poderia irromper em protestos.

Momento Zen da noite III

A afirmação do Prof. Barata Moura, que refere que o Estado Social não tem nada haver com Socialismo.


Mas onde será que as pessoas vão buscar estas ideias?!

Classe em Nogueira Pinto

Gostei de ouvir Maria José Nogueira Pinto. A forma lúcida, coerente e conhecedora como falou dos novos paradigmas da sociedade actual, revela uma mulher com experiência política neste tipo de temas. Colocou na ordem Barata-Moura, que não se conteve com as suas reflexões sobre o Estado Social.

Momento Zen da noite II

Prof. Barata-Moura a defender o Estado Social, defendendo que a sua actual fragmentação (?) é responsável pelos problemas que ocorrem nas grandes cidades, nomeadamente o seu papel crucial em eventos como os ocorridos em Paris.

Momento Zen da noite

Uma questão de semântica. Falaram muito em Estado Social, mas duvido que estivessem todos a falar do mesmo conceito.

Uma experiência interessante

Assisti pela primeira vez ao vivo, ao Prós e Contras, cujo tema abordado foi a qualidade de vida, ou melhor, a vida nas grandes cidades. Antes de falar no conteúdo debatido, gostava de dizer apenas que o ambiente que se vive antes e entre o programa estar no "ar", é absolutamente fantástico. Devo dizer que tinha uma ideia completamente diferente de todo o backstage do programa. A primeira parte do programa foi muito mais política, com uma discussão extremamente interessante entre o Prof. Barata-Moura e António Pinto Leite, sobre Estado Social. A segunda mais religiosa, filosófica e teológica.

Fica o convite, se tiverem oportunidade assistam ao programa ao vivo, acho que vale a pena.

segunda-feira, novembro 07, 2005

À Toulouse



"J'ai eu ma voiture brûlée, les quatre pneus éclatés, avec, marqué dessus : nique ta mère, Sarkozy. Ce n'est pas Sarkozy qu'on a niqué, c'est moi !"

"O anti-Salazar" e a sua "campanha afectiva"...




O Mito das Faculdades de Medicina



O Diário Digital noticiou este fim-de-semana, que o governo não vai permitir a construção de mais faculdades de medicina no país. O ministro da ciência e ensino superior, Mariano Gago, explicou que o grupo formado para estudar o tema, tinha chegado a essa conclusão. A decisão é absolutamente sensata, visto que o critério de abertura de faculdades de medicina em vários países (uma faculdade por cada dois milhões de habitantes), justifica o actual número no nosso país.
Porém a notícia é sempre vista com incredulidade por diversos sectores, nomeadamente quando acoplada a notícias da comunicação social relacionadas com a falta de médicos. Mariano Gago, apressou-se a dizer que no sentido de combater essa situação, o número de vagas para as actuais faculdades iriam aumentar.
A solução para a falta de médicos em diversas regiões do país não passa principalmente pelo aumento de vagas, mas sim pela redistribuição dos diversos trabalhadores ligados ao ramo da saúde. Se compararmos o número de médicos por densidade populacional, tendo por base a geografia de Portugal, teríamos dados que nos fariam reflectir de outra forma sobre o problema. Para além disso, as faculdades de medicina portuguesas enfrentam sérias dificuldades em leccionar o curso para o crescente número de alunos. Não esqueçamos que não se trata de um curso que basta confinar alunos num espaço, e fazê-los debitar diagnósticos e fármacos. Envolve uma grande interface entre tutor médico, aluno e doente(s). Por outro lado, uma faculdade de medicina encontra-se sempre associada a um hospital universitário, e dado o incremento de alunos no curso, as condições de aprendizagem estão a perder qualidade, havendo situações completamente completamente lastimáveis (tanto para os alunos como para os doentes).
A entrada de A alunos para a faculdade de medicina, não garante ao fim de dez anos (ou mais, consoante a especialidade), a saída de A profissionais médicos. É aqui que reside o mito. Para além da formação perder qualidade (pelo aumento desproporcionado de vagas), o que se repercute obviamente na qualificação dos profissionais, é interessante verificar o mito do desemprego médico. Primeiro, aumentar o número de vagas no curso, sem aumentar o número de internato, torna a primeira medida completamente inútil. Formamos lincenciados em medicina na faseI, mas não conseguimos passar o mesmo número para a fase II. E os formados na classe I, não têm permissão para exercer! Segundo e também preocupante, vivemos numa sociedade globalizada, integrado num espaço europeu. É já visível o aumento do número de médicos vindos de outros países da Europa, que exercem em Portugal. E esta situação não se limita a médicos que chegam prontos a exercer, pois alguns apenas possuem licenciaturas, e começam a ocupar vagas de internatos de especialidade. Desta forma, o aumento de vagas neste curso deve ser pensado com cautela e moderação, para que não se assista a desemprego médico em Portugal, como existe em tantos países na Europa.

domingo, novembro 06, 2005

Eu gosto é do Super-Mário!



Eu gosto do Super-Mário. Gosto da cara redonda e risonha daquele homem gordinho que salta por tudo quanto é sítio, e que pula feito doido quando chega ao final de um nível. Gosto da cor das roupas do Super-Mário. Acho piada ao bigode do Super-Mário, enfim sou um fã do Super-Mário.

Depois deste momento ternurento(?), onde divaguei sobre as minhas opiniões pessoais sobre esta aliciante personagem, parto para a esfera política. Na blogosfera, Super-Mário não é um homem gordinho risonho, possuidor de um bigode giro, e muito menos uma pessoa que salta por tudo quanto é sítio. Super-Mário é o Candidato Presidencial do Partido Socialista à Presidência da República, mais conhecido por Mário Soares.



Embora não tenha muitas das particularidades que me atraem na personagem animada, gosto de ler o Super-Mário, principalmente pelos assuntos que os seus veneráveis autores expôem diariamente. Acho piada o facto do blog possuir mais referências aos arqui-inimigos da personagem, do que falar sobre o herói (algo habitual na personagem da ficção). Mas enfim, não existem blogs perfeitos... Todavia, pressenti uma alteração de rumo, podendo apenas ser impressão minha... Mas depois de ser criticado pela quantidade impressionante de posts a referir o Prof. Cavaco Silva eis que surgem os primeiros posts sobre... Maria Cavaco Silva (!), nomeadamente entrevistas desta a revistas "côr-de-rosa", e com direito a comentários! Eu já gostava do Super-Mário, e agora presenteia-me informação sobre a high society portuguesa. É desta que começo a aprender sobre a social-life deste país!

sábado, novembro 05, 2005

Boas intenções...




"De boas intenções, está o inferno cheio." Este pensamento dito por um teólogo françês, São Bernardo, foi a frase que me veio à memória quando li a proposta de Manuel Alegre para solucionar os problemas económicos do país:



Devo dizer que não simpatizo muito com Manuel Alegre, principalmente porque não me revejo nas suas ideologias políticas. Todavia, foi com grande satisfação que vi a sua candidatura. Um partido é, e deve ser constituído por todos os militantes. As candidaturas devem surgir dos cidadãos e não dos partidos políticos. Quer se goste ou não, a candidatura de Mário Soares é a candidatura do PS à presidência. Soares pode querer afirmar-se no momento como "supra-partidário", mas a verdade é que quando foi escolhido tinha um carimbo na testa a dizer "aprovado e recomendado pelo PS". A partir desse momento, nenhum militante poderia ser candidato pelo Partido Socialista. Todavia a máquina socialista expandiu esse conceito de tal forma, que mais nenhuma candidatura deveria tomar lugar, dada a vontade obsoleta de derrotar Cavaco Silva. Manuel Alegre não concorreu contra o partido, pois aceitaria o cargo de candidato socialista com toda a honra, caso a proposta tivesse sido feita. Simplesmente, cumpriu a promessa que tinha feito, tendo o partido criado entretanto condicionalismos a possíveis candidaturas. Se essa foi uma decisão sensata, é outra questão.

Assitir a propostas como a que Manuel Alegre refere, faz com que os poucos pontos positivos que identificava em Alegre se desvaneçam. Primeiro de tudo, Alegre não deve fazer qualquer reflexão ou indicação sobre como o executivo deve governar e/ou com quem deve governar. É vital a independência de poderes, nomeadamente os presidenciais e os legislativos, tendo obviamente uma boa articulação entre eles. Segundo, é completamente demagógico e populista. Num período de crise orçamental e económica, fazer com que patrões, sindicatos, governo e partidos da oposição falem em uníssono sobre o rumo a seguir é algo bonito de imaginar, mas um falhanço em toda a linha na prática. A sociedade não está, (nem sei se estará, pelo menos nestas condições) pronta para atingir um equilíbrio desse género. Porém, também é verdade que "o que conta, é a intenção", mas neste tipo de casos...